Muito bem, chegou a hora!
Depois de merecidas férias de tudo, comeco a arrumação para o ano que vem chegando. Assim, estarei offline até pelo menos dia 20 deste mês. Na verdade, estarei offline até comeco de janeiro pois com as festas natalinas e de reivellon muito próximas, espero que ninguém venha aqui ler nada.
Para mim, 2006 já começou. Ao contrário da maioria das pessoas do lado ocidental do mundo, não vejo nada demais no Natal. Tudo bem, dizem que é o nascimento de Jesus, que é a comunhão dos povos e coisas “doces” assim. Para mim representa duas realidades muito grandes. A primeira que Jesus esqueceu dos povos pobres do mundo e a segunda que Deus (o católico e aquele das igrejas-franquias de bairros) ama os ricos.
No primeiro caso, não consigo entender como Jesus sendo tão bonzinho como pintado por aí, pode ser tão mau com os senegaleses, etíopes, sudaneses, angolanos, moçambicanos e outros povos africanos. Será que é por crença? Mas então o que dizer dos colombianos, peruanos, costarricences, panamenhos e outros povos latino-americanos que são católicos (alguns fervorosamente) e mesmo assim vivem em estado de miséria absoluta? Será que cometeram algum pecado que os americanos, por exemplo, não cometeram?
Já a segunda afirmação é fácil de ser constatada pois somente rico vai para o shopping abarrotar os corredores a procura de tudo quanto é “mimo” para presentear alguém. Somente o rico vai para as gôndolas de supermercado comprar peru, chester e panetone. Somente rico vai para as praias do litoral emporcalhá-las com seus plásticos e restos de comida ou ainda com o cocô de seus cachorros devidamente tratados nos melhores pet-shops existentes.
Engraçado como a mais forte lembrança que tenho do natal em minha vida são sacos. Sim, isso mesmo. Sacos!
Meu pai era uma pessoa que não tinha muito, mas o que tinha, tentava partilhar com quem tinha menos (acho que devido a ter passado fome em sua infância e depois a privação de alimentacão no cárcere, fizeram isso com ele). Então, no natal, minha mãe fazia uns sacos de pano muito reforçados e ele ia no supermercado fazer uma senhora compra. Era para o “saco de natal” dos lixeiros que atendiam nossa rua. Alguns dias antes do natal, quando estes passando em casa no período da noite, meu pai parava o caminhão e convidava-os para ir até minha casa. Lá conversavam sobre o trabalho deles e outros assuntos de interesse mútuo e meu pai entregava um enorme saco com um monte de coisas a cada um deles. Esse era, nas palavras deles, a única família que os recebia e fazia algo similar para mudar um pouco o natal deles e de suas famílias.
Isso ficou na minha mente até hoje. Pergunto-me quantos já fizeram isso. Quantos já tiveram aqueles que limpam nossa sujeira dentro da sala de casa? Será que não são dignos? Para facilitar vai, quantos sabem o número de pessoas que recolhem o lixo de suas casas periódicamente? Um? Dois? Cinco? Difícil não é?
Então, lembrando de coisas assim vejo o quanto mudamos e quanto hoje o “espírito de natal” se perdeu em comerciais de refrigerante, em queima de fogos e bonequinhos gordos, estúpidos e vermelhos dependurados nas janelas e sacadas da cidade. Pior é que até neve andam importando para dar mais “realismo” ao natal tupiniquim. Daqui há pouco tem renas andando em plena Avenida Paulista e um bando de imbecis esquecendo o que realmente deveria ser feito.
Mas enfim. depois de descer o sarrafo no gordo imbecil, vamos aos fatos :-)
Nesta segunda-feira parto para João Pessoa (novamente) onde vou arrumar o novo apartamento. E o mais interessante é que, por questões paralelas, estarei fazendo uma viagem que sempre quis mas ainda não tive a oportunidade (oportunidade hein, não falta de medo). Desta vez estou indo de carro até o nordeste, cortanto mais de 3 mil quilômetros de estradas e 6 estados brasileiros. Certamente um prato cheio para minha Rebel que já está limpinha e carregada e para meus olhos que adoram novas paisagens.
Pelos cálculos (e pelo guia digital), chego lá por volta de quinta-feira. Uma viagem tranquila na qual não pretendo fazer nada mais que apreciar os caminhos desta terra e comentar sobre os mesmos quando puder. Para isso, estou levando o gravador e algumas fitas para não perder o fio da meada (o que anda ficando comum. Acho que é a idade).
Aos amigos, não esperem cartãozinho de natal ou coisa do tipo. Não terei acesso à rede e sinceramente, acho isso um saco principalmente agora com os cartões virtuais (adeus Correios!). Para alguns ainda mando o tradicional em papel pois são pessoas que, mesmo longe, me fazem muito bem e cultivamos o hábito de fazer isso por anos. Para outros, putz, que azar, a gente se fala por aí!