Todo começo de ano é a mesma coisa. Os periódicos nacionais que acesso diariamente para ler notícias são inundados com matérias da São Paulo Fashion Week, uma semana de moda (moda?) que dizem ser o grande termômetro do que é belo ou não nos shoppings dos grandes centros.
Bem, não resisti a curiosidade das chamadas extravagantes nas matérias e resolvi dar uma espiada para ver o que é tão fashion assim. Confesso que me senti um verdadeiro analfabeto em moda. Para começar, descobri que o significado de fashion no mundo deles é diferente do que aprendi. Os jornalistas (são mesmos?) teimam em usar o substantivo como um adjetivo: fashion é legal, é jóia, é bonito, é charmoso. Matam a gramática e fazem meus neurônios saírem correndo para ligar A com B passando por D e fazendo uma parábola inimaginável dentro da cuca para dizer que fashion não é moda, mas sim tudo isso aí.
Depois de um princípio de colapso cerebral, vieram os nomes mais estranhos que poderia conhecer (ou desconhecer): leggings, patchwork, calda-de-sereia, sarruel e outros tantos que deixam outro conjunto de neurônios desesperados procurando informações no “google” de minha cabeça, sem encontrar respostas para os mesmos. Diante deste genocídio cerebral, teimo em não querer saber os nomes dos estilistas para não ampliar a carnificina :-)
Com se não bastasse, existe obviamente o tom “descolado” (não saiu de lugar nenhum não, descolado é… sei lá o que é) de escrever ou falar:“Como é uma roupa muito cuidada, quase de ateliê, eu quis um espaço mais industrial para dar uma quebrada” (entendeu???), ou ainda questões antagônicas como: “O estilista não abusou muito na cartela de cores, utilizando principalmente o branco, marrom, xadrez de lilás com amarelo, verde e preto” Não abusou? Isso é um arco-íris. Só faltou dizer que TV Panasonic com mais de 16 milhões de cores é “básica”.
Resultado final: vai ter enterro coletivo esta noite em minha cabeça e uma verdadeira auréola de luz me acompanhando no sono devido a quantidade de velas que vou ter que acender para os finados. Depois dessa, vou dar um descanso à mim mesmo lendo a teoria da relatividade de Einstein. Pelo menos é algo onde substantivo continua sendo… substantivo.
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