Ano: 2006

O que é exclusão social?

“Não sei não, acho que é uma matéria que só é dada em escola particular…(Cambito)”

A procura de algumas informações referentes a design e criação, acabei caindo em um site que possui diversas animações gráficas. Uma delas é de Cambito, personagem fictício mas que ao mesmo tempo existe realmente em todas as grandes cidades de nosso país e que passa pelos mesmos problemas que milhares de pessoas em todo o mundo.

E hoje, por mera coincidência (ou pelo coração que sempre me leva para este lado) estive numa comunidade rural de João Pessoa para conhecer uma estação digital: programa do governo federal que leva à milhares de brasileiros o início de uma etapa; a mudança da condição de não ser ninguém para começar a se tornar cidadão novamente (ou pela primeira vez, não sei bem). E lá, duas senhoras aposentadas e ex-assistentes sociais levantaram com seus próprios braços espaço para sala de aula, oficinas de bordado, salas de música, capoeira e dança. Correndo atrás de ajuda de quem quer que fosse, conseguiram revitalizar o entorno daquela comunidade e trazê-la para dentro do projeto, dando à eles não somente um espaço de cultura e lazer, mas principalmente a base para que possam retomar a vida muitas vezes perdidas como “cambitos”.

Quando conto passagens assim, alguns pensam que foi por “obra de caridade” ou coisa semelheante que aquilo que lá está aconteceu. Não, não foi. Em uma frase muito interessante, uma das senhoras resume bem a história: “ao invés de nos tornamos parceiras da farmácia devido a aposentadoria, nos tornamos parceiros da comunidade e dos sonhos dela”. Ou seja, deixaram o sonho de ficarem banguelas sentadas diante de uma TV e de sua programação próxima a nada para colocar a mão na massa (literalmente) e devolver a sociedade um pouco daquilo que obtiveram dela: conhecimento.

Coisas como estas mostram o verdadeiro espírito empreendedor, não só destas duas pessoas mas de alguns poucos milhares de brasileiros idênticos. Saem de seus lares para se dedicar ao coletivo. Saem de sua condição “malomeno” para estender a mão à quem realmente precisa.

Fazer empreendedorismo com dinheiro é muito fácil. Fazer empreendedorismo com MBA de Havard e juros de bancos a fundo perdido até um imbecil faz (que a maioria o é mesmo). Agora fazer empreendedorismo no meio do nada, onde telefone chegou há uma semana (e isso porque estamos no século 21) e o asfalto mais próximo fica há 10 Km de distância, isso eu quero ver. Andar na Av. Paulista de pastinha debaixo do braço, vestidinho e salto alto ou terninho e gravata é mamata. Quero ver pegar no pesado no meio do nada.

Mas não adianta ficar aqui descendo o sarrafo nos yuppies. Cansei disso. Digo à todos que não tenho medo de nada, somente da burrice que se instala na cabeça de alguns e faz com que estes tenham a visão tão ampla quanto um asno com seus arreios.

O vídeo do Cambito pode ser baixado aqui. Por favor, assista até o fim e tente pensar no mesmo e também no comentário final. Quem sabe você, no conforto de seu lar com este seu notebook de última geração e acesso rápido à Internet, pára um pouco e pensa sobre o que queremos para nós mesmos. Seria isso?

Obs: fiz a asneira de não levar a máquina fotográfica. Mas como vou voltar lá para colocar a rede de computadores deles em pleno funcionamento e ministrar algumas aulas, tirarei as fotos para que compreenda o que é “empreendedorismo”.

O que é globalização

É um italiano que trabalha na Alemanha chamar em inglês um brasileiro (eu) às 8 horas da manhã de João Pessoa (09:00 em Brasília) para resolver um pepino de um site russo.

Isso sim é mundo globalizado

Será que estico?

Amigo meu, Rico (é o nome dele e não a condição) é indonésio. Figura já na casa dos 45 anos, boa praça de um inglês risível quando falado mas de uma sagacidade e refino para coisas bonitas que assusta.

Ele possui uma pequena empresa de web na Indonésia e compartilhamos juntos muitas das tarefas da Mambo Foundation onde ele é um dos diretores. Comentando sobre minha próxima grande viagem que tem como destino a Austrália, ele me fez um convite para passar uns dias com ele e sua família em Bali. Obviamente que agradeci o convite mas disse que estava no Brasil dos reais e centavos e não no mundo do euro ou dólar, ou seja, é caro pacas um vôo da Austrália até Bali.

Como bom anfitrião, disse que eu estava arrumando desculpas para não ir e quis instigar-me um pouco com alguns sites desenvolvidos pela sua empresa com fotos dos “singelos” locais disponíveis pelos seus clientes para se passar uma temporada… bem, sem palavras não é?

É acho que vou acabar dando uma esticadinha na viagem.

O trabalho de Rico e estes lugares maravilhosos podem ser vistos em seu site clicando aqui.

Outra “fashion”

Depois do espancamento verborrágico em meu cérebro, uma participante do mundo fashion me solta uma “de lascar”:

Ele vem, no inferno, com uma destruição charmosa…” (???)

Neste momento, páro e penso no que seria uma destruição charmosa. Meio duvidoso do meu conhecimento do verbete, recorro ao pai dos burros e chego no verbo destruir, que é:

Demolir, arruinar, aniquilar, fazer desaparecer, dar cabo de, extinguir e outros termos que nada possuem de “charmoso”.

Então, vamos aos exercí­cios:

Ele vem, no inverno, com uma demolição charmosa…” (mais ou menos)
Ele vem, no inverno, com uma aniquilação charmosa…” (hmmm, diferente não?)
Ele vem, no inverno, dando cabo charmosamente…” (essa ficou jóia!)

Resultado: fico na dúvida se eu sou muito chato ou o povo “fashion” é muito burro mesmo.

A Lua em minha casa

A Lua ontem em minha sacada veio fazer uma visita…

Filho de peixe…

peixinho é? Às vezes sim, às vezes não. Mas que o caminho está aberto está.

Duas amostras de trabalhos gráficos de meu filho mais velho. Com 13 anos já brinca bem com o computador :-)

O Chile torna-se a melhor opção

Neste domingo o Chile, um dos únicos países sul-americanos que não possui fronteira com o Brasil (o outro é o Equador) está de presidente novo, ou melhor, presidenta. Com a maioria das urnas apuradas, a candidata socialista Michelle Bachelet é eleita com aproximadamente 54% dos votos válidos, sendo a primeira mulher a assumir o cargo máximo do paí­s e com a função de dar continuidade à uma polí­tica voltada ao povo que dura 16 anos colhendo bons frutos e que levou este paí­s a condição do melhor existente na América do Sul para viver.

Com uma população estimada em 16 milhões de pessoas, o Chile saiu de uma das mais violentas e sangrentas ditaduras militares ocorridas no século passado em nosso continente (pior inclusive que a brasileira) comandanda pelo general Augusto Pinochet, para se tornar hoje um paí­s próspero, com uma renda per capita invejável de US$ 10.400 e um crescimento vertiginoso de 5,8% ao ano (2004).

Enfiado entre o Oceano Pací­fico e a Cordilheira dos Andes e com pouca terra útil, ele se torna uma opção mais que interessante para os chilenos e outros povos latinos devido a qualidade de vida (mortalidade próximo a zero e espectativa de vida de 78 anos), a economia forte e a educação de altí­ssima qualidade conseguidas por meio da especialização em áreas de serviços e telecomunicações. Esta máxima é tão verdadeira que a taxa de migração do paí­s é simplesmente zero para cada 1000 habitantes, sendo igual aos países escandinavos, por exemplo.

A eleição hoje de Michelle Bachelet vem solidificar a polí­tica que reduziu para algo em torno de 20% a quantidade de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza e principalmente o respeito pelo cidadão com parte do todo onde, por exemplo, tanto o serviço militar quanto o voto são compulsórios e o acesso a educação, desde sua base, quase que obrigatório. Este conjunto faz certamente a diferença em qualquer sociedade.

Felicidades ao povo chileno e aos meus amigos de lá pela ótima escolha (uma mulher, principalmente). Pena meu paí­s ainda não ter acordado para coisas assim e continuar mantendo as correntes da pobreza bem atadas na maioria da população, perpetuando uma polí­tica neo liberal que somente aprofunda a vala social existente entre ricos e pobres. Aqui, resta esperar ou… mudar para lá.

Hasta pronto!

Genocídio cerebral

Todo começo de ano é a mesma coisa. Os periódicos nacionais que acesso diariamente para ler notí­cias são inundados com matérias da São Paulo Fashion Week, uma semana de moda (moda?) que dizem ser o grande termômetro do que é belo ou não nos shoppings dos grandes centros.

Bem, não resisti a curiosidade das chamadas extravagantes nas matérias e resolvi dar uma espiada para ver o que é tão fashion assim. Confesso que me senti um verdadeiro analfabeto em moda. Para começar, descobri que o significado de fashion no mundo deles é diferente do que aprendi. Os jornalistas (são mesmos?) teimam em usar o substantivo como um adjetivo: fashion é legal, é jóia, é bonito, é charmoso. Matam a gramática e fazem meus neurônios saí­rem correndo para ligar A com B passando por D e fazendo uma parábola inimaginável dentro da cuca para dizer que fashion não é moda, mas sim tudo isso aí­.

Depois de um princí­pio de colapso cerebral, vieram os nomes mais estranhos que poderia conhecer (ou desconhecer): leggings, patchwork, calda-de-sereia, sarruel e outros tantos que deixam outro conjunto de neurônios desesperados procurando informações no “google” de minha cabeça, sem encontrar respostas para os mesmos. Diante deste genocí­dio cerebral, teimo em não querer saber os nomes dos estilistas para não ampliar a carnificina :-)

Com se não bastasse, existe obviamente o tom “descolado” (não saiu de lugar nenhum não, descolado é… sei lá o que é) de escrever ou falar:“Como é uma roupa muito cuidada, quase de ateliê, eu quis um espaço mais industrial para dar uma quebrada” (entendeu???), ou ainda questões antagônicas como: “O estilista não abusou muito na cartela de cores, utilizando principalmente o branco, marrom, xadrez de lilás com amarelo, verde e preto” Não abusou? Isso é um arco-íris. Só faltou dizer que TV Panasonic com mais de 16 milhões de cores é “básica”.

Resultado final: vai ter enterro coletivo esta noite em minha cabeça e uma verdadeira auréola de luz me acompanhando no sono devido a quantidade de velas que vou ter que acender para os finados. Depois dessa, vou dar um descanso à mim mesmo lendo a teoria da relatividade de Einstein. Pelo menos é algo onde substantivo continua sendo… substantivo.

Vida difícil

Eu ainda preciso dar uma zanzada na Inglaterra para conferir de perto algumas questões estranhas para mim, tais como os ônibus de dois andares, a troca de mão de direção (para quê isso?) e, principalmente, a ávida necessidade que os ingleses em falar sobre sexo. De cada 10 pesquisas que vejo sombre o tema, pelo menos 6 são feitas em terras inglesas.

Essa última me interessou muito pelo aspecto profissional. Pesquisadores ingleses chegaram a conclusão que Sexo ajuda a “aliviar tensão” antes de falar em público e, um deles comenta: “Os participantes que tinham feito sexo com penetração antes do teste apresentaram os menores ní­veis de estresse, e sua pressão voltou ao normal mais rapidamente.” Pelo estudo, os hormônios ligados ao prazer sexual agem em partes do cérebro que reduzem os ní­veis de estresse.

Mas obviamente que nem tudo são flores. Um outro psicólogo, da vertente contrária (deve ser eunuco, coitado) comenta: “Você vai se sair muito melhor se estiver bem preparado e se pensar com cuidado no que vai dizer do que se tiver relações sexuais na noite anterior”. Bem, sair melhor eu não sei, mas que não é a mesma coisa não é :-)

Bem, depois dessa preciso arrumar uma namorada para viajar junto. Com a quantidade de palestras que faço, vou judiar da coitada.

Clique aqui para ver a notícia.

A voz

Fim de semana com uma alegria daquelas. Encontrei uma ferramenta para “salvar” um disco rígido que continha nada menos que 7 mil músicas. Pérolas das mais variadas tendências que consegui guardar durante anos de procura na web, principalmente na antiga ferramenta napster (a percussora das ferramentas P2P).

Dentre elas, encontro uma série de Frank Sinatra. Não sei porque mas sempre gostei dele, fosse pela voz, pelo talento, pelo jeitão de rebelde ou sei lá o quê, mas simplesmente o cara era “O” cara. Cantando com as melhores vozes de sua época (mas que não chegavam aos pés da sua), Sinatra foi certamente um marco na história musical. Só lamento não ter nascido antes para poder, por exemplo, assistí­-lo no Maracanã quando veio ao Brasil na década de 80 (lembro-me disso, que coisa!)

Enfim, era o cara que um apelido resumia o que significava: “A Voz” (The Voice)

Quer uma sequência para lembrar os bons momentos? Veja esta:

My way
New York, New York
Singing in the rain
Strangers in the night
Witchcraft
Young at heart

Chega, senão os “titios” acabam morrendo de vontade.