A raquete elétrica

Sempre achei tênis um esporte chato. Aquela coisa de bolinha-prá-cá-bolinha-prá-lá e os “uhnnnm” grunidos pelos jogadores a cada raquetada são de um tédio só. Se não bastasse, a platéia silenciosa somente interrompe a sessão fúnebre quando acontece um ponto e nem mesmo as pernas de fora das tenistas com seus maxi-cintos e suas blusas coladas não anima. Falta ao esporte o brilho do vôlei com seus mergulhos naquelas bolas impossíveis e indefensáveis ou a emoção de um estádio de futebol lotado com as torcidas (quando não se matam), empurrando o time para à frente com seus gritos de guerra que deixariam qualquer tribo Apache assustada, além das arquibancadas literalmente sacudidas com tanto peso e emoção.

Mas confesso que vou rever minha posição depois de adquirir uma raquete elétrica. Obra típica da engenharia eletro-eletrônica asiática, ela propicia àquele que não possui sangue suíço ou manézinho, verdadeiros momentos de regojizo com aces e voleios para a eletrocução de seres voadores que insistentemente azucrinam o repouso ou a leitura. Um verdadeiro apetrecho que transforma qualquer mão-dura num campeão de Roland Garros, sem a necessidade de aulas especiais com qualquer bigodudo. Basta somente manter um botão apertado no momento do lance e escutar o “tréc” do indesejado sendo fritado entre suas telas. Sem cheiro, sem fumaça, sem contra-indicações e sem CFC. Totalmente ecológico e recomendado para qualquer ambiente.

E como todo produto, resolvi testá-lo o mais breve possível para reclamar em caso de falha com o Procon Timorense. Logo em meu primeiro treino mantive uma média de 84% dos lances bem sucedidos, acertanto dezoito voleios e mais quatro aces nas paralelas. Ao contrário do tênis, o objetivo é acertar a bola na rede e ver estes monstros alados sendo fritados por uma, duas ou até três vezes antes de irem ao solo como bolas perdidas.

Adquirido aqui em Dili por US$ 4, desconheço como objeto de tanto valor agregado não chegou ao paraíso asiático da América Latina, o Paraguai. Certamente a quantidade vendida seria tão grande que os pernilongos, muriçocas, borrachudos, mosquitos e seus familiares fariam piquetes frente à embaixada chinesa em Brasília pedindo o retorno do monopólio dos venenos em latas, muito mais fáceis de serem desviados do que uma raquetada.

Mas, no dia que acertar um perfeito ace numa mosca voando, então, a glória de campeão!

2 Comentários

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  1. Amigo, fico muito grato pela preciosa informação. Sempre imaginei que haveria uma arma eletrônica com eu pudesse impor respeito aos incansáveis monstrinhos perseguidores. Achei-a no MercadoLivre. Agora, com licença, estou indo à guerra. He he he!

  2. Simplesmente hilário imaginar você dando raquetadas no ar para matar mosquitos! Nunca conheci objeto tão diferente! :-)

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