Não posso dizer que sou espírita. Posso dizer que tenho uma grande aproximação com a doutrina mas não a pratico com a regularidade que gostaria, principalmente aqui em Timor-Leste cujo o país possui certamente uma das maiores proporções de católicos do planeta, batendo quem sabe até mesmo a Itália. Espiritismo aqui seria, quem sabe, uma heresia.
Há muito deixei de lado a crença católica e variáveis. Aliás, realmente nunca a tive pois vejo como inadimissível que uma instituição como o Vaticano possa ser uma empresa e tenha um discurso falho de benevolência e boas obras. Se as boas obras existem, são pela mão de poucos que ainda lá prestam mas que infelizmente estes pagam pelos ruins que existem dentro da estrutura. Pagam e pagam bem pois ter que engolir em seco quando é questionado sobre assuntos como padre pedófilos, roubos de terras e massacres de civilizações, abaixar a cabeça e enfiar o rabo no meio das pernas é o mínimo que se pode fazer.
Mas o principal motivo pelo qual não aceito a religião é por não responder questões simples e básicas. Até hoje não me disseram de onde veio o preto, o amarelo e tampouco se Deus tinha os olhos puxados ou não. Também não me explicam porque alguns tem muito e muitos não tem nada e porque os filhos de Deus, em sua maioria, continuam a morrer de fome, doenças e outras pragas. Pior ainda é dizer que não tenho livre arbítrio sobre minha vida. Lamentável.
Deixando os padrecos de lado, o Espiritismo como doutrina é algo muito interessante mas para poucos. Para você compreender efetivamente as idéias sobre o assunto, precisa ter um mínimo de instrução pois não existe uma lavagem cerebral como na maioria das religiões (principalmente as fundamentalistas). O Espiritismo suplanta questões arcaicas e sem valia, mesmo sendo derivado dos estudos da própria igreja do Vaticano.
Esta minha afirmação da instrução necessária agora tem um fundamento muito interessante. Ela foi respondida nesta semana pelo IBGE no Brasil. Uma pesquisa realizada pela instituto (que pode ser lida clicando-se aqui) mostra que seguidores ou apreciadores da doutrina Espírita ganham mais que os evangélicos e católicos. Obviamente que em nosso país, ganhar mais é possuir mais estudo, dentre outros fatores. Também contribui a questão das famílias serem menores, maior pagamento de impostos e assim por diante.
Disso tudo já sabia. Raríssimas foram as vezes que vi em um Centro Espírita alguém com pouca instrução. E não foi por questão de proibição ou coisa do tipo, mas sim pelo mesmo motivo que eu não me senti bem no dia que fui assistir um culto da Igreja Renascer (aquela mesma que a bispa está presa em Miami, lembra-se?): aquilo não é para mim, simplesmente isso.
No final das contas, a instrução é a chave de tudo. Com ela é possível separar o joio do trigo e principalmente deixar de acreditar nas mazelas e promessas que os mais “cultos” fazem para os incultos, aproveitando-se desta situação para encher os bolsos de dinheiro, seja este sujo ou não.