Ano: 2007

No pain, no gain, not for me

Curioso que sou, final de semana passado tirei a prova dos nove sobre uma questão que me pertubava há tempos. Muitos de meus colegas aqui em Timor possuem uma religiosidade contundente quando falamos de massagens. Vão todos os finais de semana fazer “sessões de relaxamento” e retornam sempre comentando as benesses de tal atividade.

De antemão já digo: não gosto de nada que prenda ou aperte. Não uso relógio, não uso pulseira e tenho verdadeira paúra de calças, as quais somente uso por questões laborais. Então a massagem certamente seria algo que entraria na lista das indesejadas.

Dito e feito! Fui junto com um amigo, assíduo frequentador ao afamado Cozy, lugar bem arrumado e profissional onde reina o silêncio e o barulhinho de água rolando pelas paredes de vidro. Lá chegando, sou prontamente chamado para a minha sessão de uma hora e meia, da qual dizia meu chapa que iria sair “nas nuvens”.

Sim, saí nas nuvens… de raiva e com a cabeça pensando em quinhentas maneiras de amputar os braços da massagista. Foram noventa minutos de tortura física e psicológica onde, deitado em uma maca, mais parecia um monte de carne sendo batido para virar bife. Sentia os dedos duros cutucando meus ossos e meus órgãos a tal ponto que duvidava sair de lá com alguma junta da espinha colada com a outra ou sem tirar meu velho e conhecido braço direito do seu devido lugar. Pior, não podia falar ou xingar ninguém pois o local era de absoluto silêncio, mais parecendo o céu com suas cortinas e pessoas de roupas brancas (neste momento tenho a certeza, ou o céu não é branco ou aquilo é o inferno disfarçado). As costelas gemiam com o esforço, os músculos se contorciam e eu, olhando para o chão, simplesmente tentava compreender o que passou pela minha cabeça de fazer aquilo… e pagando!

Claro que a profissional culpa não possui no episódio. É bem treinada e acredito que faz o serviço efetivamente como deve ser feito. Então me resta somente entender como posso suportar a dor de tirar o braço do ombro, rir da situação e não aguentar as “dedadas” da moça. Creio que faltou (ainda bem!!!) um pequeno detalhe: carinho.

Massagem, em meu ponto de vista mesquinho, não é algo para ser feito por profissional, mas sim por “pessoal”. Ela não deve ser usada como método de tortura, mas sim como relaxante efetivo ao estresse e cansaço do dia-a-dia. Claro que não é possível sempre ter a mão pessoal percorrendo o corpo mas isso não é motivo para se sujeitar a tal aberração.

Já ouço muitos dizendo que sou louco o que não sei o que é bom. Desculpem-me meus caros mas eu sei muito bem o que é bom e podem ter certeza que não é nada disso. Na verdade, penso que quem não sabe o que é bom, são vocês ;)

O melhor vem agora

Semana passada aconteceram as eleições parlamentares aqui em Timor Leste. Certamente muito mais importante que a eleição presidencial pois com ela são escolhidos os efetivos representantes do povo e aqueles que irão decidir o destino do país.

Mas o melhor certamente vem agora. A prova de fogo para saber se as acusações, rixas e outras desavenças levantadas ao longo do pleito serão deixadas de lado para a composição do novo parlamento. Explico; quase finalizada a apuração, o partido tradicional, Fretilin obteve pela última contagem 21 cadeiras enquando o novo partido, CNRT (e contrário), 18. Com isso, nenhum dos dois maiores partidos timorenses possuem a maioria da casa e terão, num exercício hercúleo de composição, juntar forças com outros partidos menores (já que entre estes parece ser impossível) para conseguirem a maioria da casa e governarem de fato.

Neste momento me vem a nítida imagem do legislativo brasileiro que, mesmo com diferenças estruturais de escolha, o executivo também precisa compor aqui e ali para conseguir um mínimo de governabilidade. Lá sei que é difícil, quase um esforço sobre-humano. E aqui? Como será? Espero que as palavras do bispo de Dili sejam ouvidas e que todos compreendam que a composição não é para este ou para aquele lado, mas sim para o povo timorense (o que ainda não aprendemos lá do outro lado, que diga seu Renan Roubalheiros).

Se conseguirem compor efetivamente e alcançarem a governabilidade sem levar o país ao caos, teremos muito que aprender com eles. Caso contrário, o futuro irá dizer.

Aguardemos.

Cartilha para os brazucas fora da terrinha

Tomei ciência da criação de uma cartilha para brasileiros que pretendem viver ou vivem no exterior e também para aqueles que estão voltando para casa. A mesma é um trabalho conjunto de vários ministérios de nosso país e trás de forma simples e objetiva, as respostas para a grande maioria das perguntas relacionadas com migração.

Tomei um tempo para ler suas vinte e seis páginas e o conteúdo está muito bom. Informações sobre questões relacionadas à educação, saúde, trabalho, vistos e outras são abordadas inteligentemente neste documento. Nele inclusive, obtive algumas informações que não conhecia sobre alguns temas relacionados a “morar fora”.

Se você está pensando em “pular do barco”, dê antes uma lida nesta cartilha que pode ser encontrada dentro do site do Ministério do Trabalho e Emprego, clicando-se aqui. Ela pode persuadir você a mudar de idéia e mostrar que a realidade (que vivo contando nestas páginas) não é tão colorida como aparenta.

Agora se você está longe do churrasco e caipirinha, também dê uma olhada. Existem informações muito interessantes sobre a vida aqui fora.

FAQ Timor – nova versão

Dentro de algumas semanas chega mais uma leva de professores brasileiros ao Timor Leste mediante o convênio da CAPES com o governo timorense. Uma alegria muito grande pois ter aqui mais alguns brasileiros falando o português da terra é certamente muito bom.

Para auxiliá-los na tarefa (árdua diga-se de passagem) de atravessar vinte mil quilômetros que separam os dois países, atualizei a FAQ Timor com as dicas de viagem, inclusive porque foi detectado um erro na mesma.

Assim sendo, clique aqui e faça o download do documento. Caso precise de alguma informação adicional, entre em contato pelo e-mail paulino@michelazzo.com.br. Terei o maior prazer em ajudá-los.

E sejam bem-vindos ao Timor Leste!

Relax

Enquanto isso no país dos 0x2, nada melhor que…

Relaxa e Goza

Kopi Congresso*

Ao contrário de muitos, tenho uma paixão arrebatadora por café. Tal qual Garfield, não possuo forma antes do primeiro balde do dia. Sim, chamo de balde porque o tamanho da caneca não dá para dizer que é uma caneca. É grande mesmo. Acho inclusive que minha coleção de canecas vem desta minha paixão pelo café sempre quente, forte e preto.

O ritual de beber café é algo meio religioso, meio sagrado nas terras-roxas paulistas que durante anos seguraram a economia brasileira. Pecado é chegar na casa de alguém e não tomar um café e heresia é servir café velho, aquele de garrafa térmica. Café tem que ser passado na hora para deixar o cheiro pela casa e aguçar o mais frio dos paladares. Neste ponto, sábia é minha velha que não possui garrafa térmica em casa e a última ganha de presente foi sistematicamente destruída para não ser usada. Com ela, só água na chaleira.

Ultimamente com estas andanças pelo mundo, arrumei duas manias: degustar café e cerveja (que fica para outro post). O café, de vários já provei: timorense feito num Starbucks neozelandês (horrível) e na minha cafeteira italiana (até que ficou bom), colombiano em Medellin, antilhano na Noruega e claro, brasileiro até na Alemanha. Alguns maravilhosos como o Café Vienna do Conjunto Nacional em SP e horríveis como o existente no aeroporto de Lima, Peru (também pudera, deveria ter pedido chá de coca e não café).

Mas existem alguns que ainda não pude provar e vou aproveitar a estada na Ásia para conhecer. Um deles inclusive, iguaria Indonésia considerado o mais chique (e caro) do mundo: Kopi Luwak. Sua diferença: café feito de grãos que foram comidos e… cagados!

Sim, é isso mesmo: um café cujo os grãos passaram por dentro de um pequeno mamífero e que, por motivos alheios à sua vontade, foram colocados para fora num digno ritual de “lavação de alma” que libera aquela sensação de bem-estar ao pequeno e os cifrões nos olhos dos catadores das sementes, as quais são vendidas pela bagatela de aproximadamente US$ 1.200,00 o quilo em países como o Japão e EUA.

Diante desta perfeita demonstração da Lei de Conservação de Massa de Lavoisier, passa por minha cabeça pensamentos atabalhoados que vão desde me imaginar em emprego tão indigesto até tentar advinhar o que tem na cabeça o cidadão que ficou pensando o que poderia fazer com aquilo. Pior mesmo é saber que existe uma verdadeira indústria de marketing sobre o produto levando-o à exportação para terras tão distantes como a Rua Oscar Freire em pleno coração dos Jardins paulistanos.

Então, entristecido, chego a conclusão que bosta dá dinheiro quando vejo algo assim e recorro também à fundamentação no guano do Peru e ilhas do Pacífico. Pensando bem, deveríamos tirar os gramados da Esplanada dos Ministérios e fazer um grande cafezal para, como a Indonésia, exportar café cagado. Certamente bosta não falta no Planalto Central.

*Kopi = Café em Bahasa Indonésia

Coisas do Brasil

Na maior cidade do país e uma das maiores do mundo, São Paulo ainda trás entre arranha-céus e Ferraris cenas inusitadas como esta. Nos confins da cidade, lá em Parelheiros na Zona Sul ainda existem… selarias! Isso mesmo, aquelas lojinhas que vendem e consertam selas, arreios e todos os apetrechos para cavalos.

Confesso que não esperava tal descoberta dentro da capital da fumaça. A última selaria que vi foi no sertão da Paraíba, lá pros lados de Patos onde este meio de transporte e de carga ainda é muito utilizado. Mas em SP? Só acredito porque a fonte da imagem é pessoa de total confiança minha e digna de todas as verdades, caso contrário, chamava truco, batia na mesa e mandava o ladrão correr!

Por falar nisso, não tem alguém ai para jogar um truco não? Faz tempo viu…

A culpa é do asfalto

Gustavo é camarada dos bons. Pensa bastante, batalha bastante. Mas dia destes deslizou e disse que queria ser igual à mim, que só viajo, só passeio, só trabalho fora. Na verdade ele quis dizer que minha vida é muito boa, cheia de oportunidades e coisas assim. Mas, parafraseando uma empresa meia boca de software, get the facts (vamos aos fatos):

Minha vida é como ela é devido eu ser um cara muito burro. Daqueles tipo porta mesmo. Sou totalmente contrário ao status-quo da sociedade atual. Não gosto de baia no trabalho porque não sou cavalo. Não gosto de chamar chefe de “chefe” pois quem tem chefe é índio e tampouco gosto que digam para mim que a vida tem que ser feita de cereal, caminhadas e exames regulares ao médico. Então isso tudo me faz um ser diferente, um ser difícil para muitos e confesso que para mim também.

Para mim? Claro que sim! Ou acha que é fácil ser o lobo-mau da história (e pior que sem comer a chapeuzinho vermelho)? Sofro de dezenas de privações como por exemplo não saber o que é ter uma carteira de trabalho assinada há…. dez anos! Tudo bem, não sei para que presta a aposentadoria do INSS e tampouco se vai ter INSS daqui 30 anos mas isso é outra história. Também sou privado por exemplo de trabalhar no governo porque não tenho o ensino superior completo, nem mesmo aquele feito na Faculdade Beira-Mar, do tráfico do RJ. Então, ser aspone não dá para mim.

Tirando a brincadeira de lado (que nada tem de brincadeira), ser uma pessoa “do contra” não é fácil, principalmente quando se tem que explicar que Bill Gates, o cara mais rico do mundo, não tem faculdade. Ai ninguém acredita não é mesmo? E para explicar que o futuro é algo que está lá na frente e que se não viver hoje, não terei futuro? Não entra na cabeça da maioria dos mortais este tipo de pensamento pois “futuro” se constrói hoje. Claro que sim, vivendo e não vegetando. Eu ainda prefiro mil vezes descansar agora do que gastar com cardiologista quando tiver 60 anos.

E tudo isso começou por causa de um bicho, um comichão que tinha (e tenho) por asfalto. É uma coisa doida isso. Não conseguia ficar parado em casa estudando para colégio técnico ou vestibular. Aquilo não era para mim. Eu queria é asfalto, queria é ver o mundo. Queria ver se a Torre de Pisa é inclinada mesmo. Queria ver se Machu Picchu existe. Queria ver se o trem da morte era de morte (que nada, é fedido!). Queria andar nas ruas de Saigon (que hoje é Ho Chi Min) e tentar sentir o que foram 10 anos de bombas nas cabeças dos vietnamitas. Queria ver a Terra Média, queria ver cabeça de bacalhau (dizem que só na Noruega né). Queria ver tudo aquilo que via nos livros. Então eu fui, vi e vivi, mas não tive tempo para ficar estudando como ser um bom médico, um bom advogado, um bom engenheiro.

Na verdade, quando senti este ímpeto na vida, pesei muito dezenas de fatores. Pesei por exemplo os curricula de Bill Gates, Paulo Coelho (que não suporto mas mesmo assim tenho que dar o braço a torcer para ele), Jorge Amado. Pesei de Copérnico, de Arquimedes, de Galileu, de Tesla. Pesei de Amador Aguiar, de Sílvio Santos, de Ayrton Senna. Pesei de Gilberto Gil, de Caetano e de Roberto Carlos. Mas acho que pesei demais porque todos eles, sem excessão, possuem duas características iguais: não possuem faculdade e foram ímpares em suas vidas e na vida da humanidade. Então pensei: “caramba, acho que ser ímpar está do outro lado do banco da escola”. E ai já sabe o restante da história.

Se vou ser algo ou não? E eu quero lá saber?! Quero, da mesma forma que Senna, me dedicar ao máximo à vida (mesmo que morra cedo). Quero poder pensar como Newton sob uma árvore e descobrir o que nos segura no chão. Quero sonhar em voar como Galileu e deixar o legado para o helicóptero (ou qualquer outra coisa voadora). Quero é dormir depois do almoço e manter minhas faculdades mentais em dia. Mas não é fácil (como não foi para nenhum destes e outros). Afinal, se fosse fácil, todo mundo fazia.

Então meu caro Gustavo, a culpa é do asfalto. O asfalto que me privou de ter uma vida diferente, mas igual à de todos. A culpa é dele mas não toda. Parte também é do baixinho Dalai Lama que diz o seguinte:

Dalai Lama

Entendeu?

Masturbação

Uma de minhas tarefas no ministério depois que nosso japonês voador Wada retornou ao Brasil é tentar manter a ordem na casa, mais especificamente com os acessos à conteúdo na Internet. Confesso que é uma tarefa extremamente árdua e aqui tenho que render meu respeito ao trabalho que o japa fazia. Haja paciência.

E o pior que não é somente segurar a bronca dos ataques externos que inevitavelmente acontecem, mas também segurar certos usuários que tentam (e muitas vezes conseguem) se esbaldar com conteúdo digamos, malicioso, fartamente disponível na grande rede. E no meio destes acessos, encontrei algo interessante.

Trata-se de um site sobre saúde, principalmente de adolescentes, com um bom conteúdo e escrito na linguagem deles. No meio deste conteúdo, um verdadeiro dicionário sobre masturbação. Isso mesmo! Punheta, siririca, bronha ou qualquer substantivo que queira dar para este ato (que diz amigo meu: “é fazer sexo com a pessoa que você mais ama… você mesmo“). O assunto é muito bem abordado, com vários comentários, discussão sobre mitos e o melhor, contém um how-to (como fazer) que ninguém pode botar defeito.

Confesso ter ficado uma boa meia hora lendo e claro, vendo a cara de algumas pessoas que precisam (e muito) destas informações mas que morrem de vergonha só de pensar na coisa, seja porque acha que é pecado ou porque vai estourar um monte de espinhas na cara. Além disso, não pude evitar algumas boas risadas imaginando alguém andando com o how-to pela casa para praticar ou ainda levando as folhas impressas para a cama a fim de não perder nenhuma dica. Sensacional!

Tudo bem, está curioso não é? Então acesse o endereço http://www.coolnurse.com/masturbation.htm Só por favor, nada de levar para o banheiro hein :)

Tapa na cara (e bem dado)

Em 1992 aconteceu na cidade maravilhosa a ECO-92, uma oportunidade única para delegações de dezenas de países conhecerem e se esbaldarem nas praias do Rio de Janeiro. Quinze anos depois pouca coisa (ou nenhuma) mudou, mas algumas coisas ficaram e uma delas é um discurso de uma garota canadense para lá de pesado, um verdadeiro tapa na cara daqueles que lá estavam.

A garota não sei onde está. Pode ter sido assassinada pelos americanos ou ainda morrido de câncer devido ao monte de porcaria que produzimos, mas o vídeo do discurso (legendado) pode ser visto abaixo.

Eco 92 por pmichelazzo no Videolog.tv.

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