Por razões laborais, passo uma semana na terra de nossos “descobridores” na cidade de Porto, famosa por seus vinhos e claro, pelo importante porto na beira do Atlântico. Aqui, a primeira parte dos relatos da viagem.
Pela primeira vez consegui dormir mais que uma hora no avião. Não sei se por causa do dramim tomado (dois de uma vez) ou se foi pelo cansaço das últimas viagens mas o ronco foi de 4 horas seguidas com um resultado muito bom. Acordei faltando somente duas horas para chegar em Lisboa e isso aguento sem muitos problemas. Por falar em voo, saindo de Cumbica parecia que estava indo para uma convenção geriátrica. O número de pessoas da terceira idade no avião era algo incontável, bem como o número de bengalas e outros acessórios da idade. Até mesmo a maior parte das aeromoças não eram moças coisa nenhuma, eram verdadeiras “aerovelhas” com laquê no cabelo e aqueles perfumes desumanos que somente ursos polares conseguem aguentar. Não sei se todo este povo estava indo visitar a terra natal pela última vez ou se estavam conhecendo a terra de seus antepassados para pagar algum tipo de dívida ou coisa similar. O fato é que em todas as viagens que já fiz pelo mundo, não me recordo de uma onde tinham tantos velhinhos juntos.
Fiz uma parada em Lisboa onde quase perdi minha conexão para Porto devido a imigração que mais parecia o aeroporto de Denspasar em Bali. Um “zilhão” de pessoas chegando de várias partes do mundo que, como eu, tiveram que enfrentar uma fila de pelo menos uma hora sem ar-condicionado no ambiente, além da baderna nonsense. Sorte mesmo só os europeus portadores de passaporte com reconhecimento biométrico. Para eles, meia dúzia de catracas onde se coloca o documento num scanner e libera-se a entrada. Uma maravilha de primeiro mundo mesmo.
Imigração é algo interessante. Não sei como pessoas conseguem ficar tanto tempo conversando com os fiscais. Muitas vezes por desconhecimento do processo, entregam na imigração não somente o passaporte mas tudo o que possuem de documentos; bilhete aéreo de ida e volta para a padaria da esquina, reserva de hotel, ticket de trem, comprovante de vacina, comprovante de bons antecedentes e se bobear até exame de fezes. O resultado é uma baita demora na fila porque o fiscal tem que procurar o passaporte no meio desta bagunça toda que realmente não o interessa naquele momento. Macaco velho que sou, só entreguei o passaporte e respondi quanto tempo ia ficar, onde ia ficar e o que tinha ido fazer, além do nome do hotel. Nada de comprovante, nada de nada, só falar. Com isso, gastei somente 2 minutos na imigração enquanto a mulher que estava em minha frente levou eternos 10 minutos mostrando tudo que é coisa, até mesmo dinheiro. Marinheiros de primeira viagem…
Mas o que realmente me surpreendeu foi saber que não sei falar o idioma português; pelo menos de Portugal não. Por várias vezes na imigração, com as comissárias de voo, taxista e no hotel tive que pedir para repetirem o que tinham falado pois simplesmente não entendia. Parece que falam para dentro e para judiar, falam rápido. Aí meu amigo, não tem brasileiro que fale português, mesmo sendo uma nação que possui “somente” duzentos milhões de falantes. Vai saber.
O hotel escolhido fica em frente a praia, se é possível chamar o que vi de praia. Cheia de pedras, quase nenhuma faixa de areia, um grande calçadão e um vento frio soprando do mar que nada lembra a praia que via na semana anterior da sacada de meu quarto em João Pessoa; quente, sem pedras, muita areia e uma brisa gostosa que acalmava o calor de quase 35 graus.
Como já esperado, meu quarto não estava disponível quando cheguei devido ao horário. Assim, mesmo, fiz o check-in e por minha “cordialidade” (quando quero, sou) recebi uma taça de um legítimo vinho do Porto para esquentar o corpo que sente a diferença de temperatura entre o Brasil e as terras lusas. Um mimo muito bem-vindo num dia que mesmo com sol e sem nenhuma nuvem no céu, a temperatura fica abaixo de 10 graus celcius e certamente será como sonífero para uma boa soneca na parte da tarde para acertar o fuso horário e a noite não tão bem dormida dentro do avião.
Resolvi dormir um pouco e este “pouco” se tornaram quase seis horas de soneca, da qual acordei por causa do estômago roncando de fome. Infelizmente roncou tarde e o restaurante já tinha fechado. Com isso, tive que esperar até a noite quando meu sócio chegava do Brasil (pegou overbooking lá) e poderíamos jantar juntos. Então… volta para a soneca ;)
Não encontrei ainda coisas dignas de relato ou que possam ser consideradas muito diferentes das outras viagens que já fiz para a Europa. Portugal também é limpa, arrumada, com vários carros alemães andando pelas ruas (táxis Mercedes, que beleza!) e aquele ar gostoso de história aventado em todas as esquinas. Para qualquer lugar que se olha existe um pouco de história; pequenas casas com azulejos magníficos que lembram a antiga São Luís, igrejas com a bagatela de 400, 500 anos, vielas que não passam dois gordinhos lado a lado, varais que parecem perdidos em algum momento da Segunda Guerra e construções da Idade Média. Tudo isso misturado com modernos bondes, outdoors e policiais de trânsito andando em Yamahas 1000CC.
Hoje, segunda feira é dia de bater perna e tirar fotos para o próximo relato. Aguarde.