O ano passado (sim, ontem) viajei bastante. Coloquei mais dois países na lista dos que ainda não conhecia, fui para estados que não tinha passado ainda (mas o Acre… continua não existindo) e fiz uma maratona de palestras deste e do outro lado do Atlântico.

Confesso que gosto. Claro que não gosto do caos aéreo dos aeroportos brasileiros ou ainda do mau serviço prestado por algumas empresas, sejam hotéis, locadoras de veículos, companhias aéreas, restaurantes e etc. Isso tudo se pudesse esquecer, faria. Mas como não é possível e faz parte indissolúvel de uma viagem, aprende-se a conviver com os contratempos. O que gosto mesmo é da oportunidade de conhecer novos lugares, novas pessoas, novas culturas, novos sabores e novas cores. Isso, com certeza, não tem o que pague e tampouco um Google Earth é capaz de chegar perto para mostrar.

Então, o que vi de interessante, diferente, impressionante ou repulsivo por ai? Vamos ver:

Conheci Jesus

Guaraná JesusNão o filho do poderoso, mas o famoso guaraná lá em São Luís do Maranhão. Ele recebe este nome não por ser algo ruim que “só por Deus” para beber, mas sim por ser o nome de seu criador, Jesus Norberto Gomes que, por ironia do destino, era ateu. O refrigerante é cor de rosa (estranho mas vá lá) e somente é encontrado no Maranhão. De uma mistura de coisas naturais que o fazem ficar com um gosto bem doce lembrando chiclete, atualmente é vendido pela Coca-Cola na região. Sua latinha, muito bonita por sinal, recebeu o prêmio Idea que é uma premiação mundial na área de design por sua nova cara escolhida pelos maranhenses. Confesso que ainda sou o tradicional Antartica mas não morreria com este, afinal, só Jesus salva não é?

O de Johnny é duriiiiiiiisimo!

Hielo JohnnyDepois de Jesus, foi a vez das Soleras, Polar, Zulia e claro, o famoso gelo Johnny das Islas Margaritas na Venezuela. Lá pude constatar in-loco: Chavez é louco de pedra mesmo. O país, mesmo sendo o 5º maior produtor de petróleo do mundo consegue estar numa merda de dar dó. Nem mesmo a famosa Isla Margarita escapa deste status quo. Carros caindo aos pedaços, sistema de telefonia pública inexistente, transporte de massa apodrecido com o tempo e o dinheiro que não vale nada.

Também consta que a ilha tem mais fama que beleza. As praias, consideradas paradisíacas por muitos, são facilmente encontradas melhores no nosso litoral. Entretanto vale a pena pelo passeio, pela paisagem diferente, pela compra de roupas baratíssimas nos shoppings das grandes cidades e claro, do whisky bom e barato para quem é dado a bebedeira. O restante é comercial das Casas Bahia: mais por menos (muita história para pouca coisa boa).

Não é de se jogar fora mas se puder escolher, pense em Los Roques. Pessoas que lá estiveram constataram ser muito mais interessante que a ilha maior.

E o bacalhau português hein?

Que vexame! Entro em um restaurante na belíssima cidade do Porto com direito a show de fado num prédio com mais de 400 anos e peço um Bacalhau a Gomes de Sá, afinal, estou na terra do bacalhau não? NÃO! não estou. O que vem à mesa é uma salada de batata palha flutuando numa travessa de óleo com fios de bacalhau. Depois de pagar a conta mais salgada que o peixe e claro, deixar uma típica reclamação brazuca para o gerente do lugar (joga no lixo esta merda!), saio e encontro o verdadeiro bacalhau perdido em um boteco na beira do rio Douro.

Ah, sim, claro. Aprendi nesta ida a Portugal que seria impossível negar a qualquer ser deste ou de outro planeta que nossas raízes vem deste tímido pedaço de terra. As semelheanças das coisas ruins que temos aqui com o que eles tem lá é tão forte que em alguns momentos me senti andando nas ruas de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Provado está que educação vem do berço e como o nosso estava quebrado… já viu não é?

Ah, também descobri que existiu um D. Pedro IV mesmo não sabendo onde está o III e para que serviu este último.

E Brasília continua…. uma bosta!

O cidade para ser ruim viu! Não tem padaria e quando tem, não tem pão (boa esta né?). Não tem calçada, não tem passarela, não tem… peraí, mas não tem nada? Sim, claro que tem; político corrupto, putas, restaurantes ruins, putas, motoristas braços, putas, representantes do “você sabe com quem está falando?”, mais putas.

Mas Brasília também tem um calor dos infernos, uma secura que sangra o nariz mas que é uma verdadeira dádiva para aqueles que, sabe-se Deus como, possuem uma lancha de 42 pés no Paranoá para ficar se esbaldando nos finais de semana.

O que salvou as várias idas a capital federal foram os ótimos amigos e ótimas companhias que ainda não chegaram no último “D” da sequência DDD: deslumbre, desespero, debilidade. Meu medo é que o alcancem e comecem a achar que a cidade maravilhosa mudou-se para o cerrado. Cuidado.

Los hermanos, quedan ahi!

Agora é mais fácil ir para Buenos Aires do que para a Zona Sul de SP. Acredite, o tempo de voo é menor e o custo com gasolina pode ficar o mesmo que uma promoção da Gol para a capital portenha. Então, toca ir a “cidade mais européia da América do Sul” num final de semana de 3 dias (adoro estes finais de semana) que ao contrário de nossa capital, a deles respira cultura vinte e quatro horas por dia com suas inúmeras livrarias e teatros na Av. Corrientes, música nos bairros clássicos que apresentam desde o famoso tango até música eletrônica e claro, futebol (ainda mais em ano de copa do mundo e em dia de jogo da seleção… deles).

 

Foi uma grata surpresa pelos preços baixos (estão com uma economia que lembra a nossa de 10 anos atrás), as roupas de ótima qualidade, o churrasco de matar qualquer cristão de tanto comer e as guloseimas dignas do filme da Fábrica de Chocolate. Mas lá também tem coisa ruim, acha que não? Pudera! Metrô velho e fedido (como fede!!!), batedores de carteira para os desavisados e um trânsito que não fica muito longe da radial leste em SP. Mas assim mesmo os alfajores, as massas e o café, valem a caminhada.

Florianópolis

Ahhh, a eterna ilha da magia agora me acolhe como manezinho me deslumbra cada vez mais. Óbvio que coisa ruim também tem aqui (importada principalmente) mas o que tem de coisa boa deixa a balança muito mais pesada para este lado. Então nem vale a pena gastar letras com isso. Só vendo mesmo.

No final das contas

Foram 34 viagens percorrendo mais de 66 mil quilômetros pelo mundo afora. Muito? Que nada. Amigo meu conseguiu a proeza de rodar 202 mil quilômetros no mesmo período, mas não o invejo; pelo que já tenho agendado para 2011, ultrapasso-o com folga e terei milhas para ir e voltar à Lua no próximo ônibus espacial. É esperar para ver.

Que venham as pernadas de 2011. A mochila está pronta!