Nesta semana tive um colapso nervoso. Uma noite muito mal dormida desfraldando algo que fiquei adiando durante um bom tempo. Rever o tempo que gasto com tarefas e atividades, das mais simples as mais complexas, das sem importância àquelas que acreditava serem muito importantes é um exercício complexo, triste, doído mas… revelador.
Fazer quarenta anos tem suas vantagens. Uma delas é descobrir o quanto se perde tempo com coisas estúpidas, sem sentindo e que não trazem realmente nenhum ganho, seja financeiro ou pessoal. Pior mesmo é perceber que gasta-se muito tempo em coisas sem sentido que poderia ser usado para aquilo que realmente se gosta, a família, a casa ou até mesmo para fazer nada.
A vida moderna é de uma imbecilidade tamanha quando a questão é tempo. Dizemos diariamente que não temos tempo para isso ou para aquilo e que, quando nos aposentarmos, iremos tê-lo. Mentira! Estamos enganando nós mesmos com falácias e principalmente escondendo o medo gritante de mudanças de paradigmas pessoais. E, de tanto me cansar de ouvir reclamações sobre a falta de tempo, resolvi procurar o porque destas afirmações vendo a minha própria vida. O resultado: o já comentado colapso nervoso.
Um exemplo: procurei em minha memória dos últimos cinco anos alguma informação noticiosa que li num jornal ou vi num noticiário que mudou minha vida ou que ao menos tivesse algum impacto, mesmo que mínimo, no que faço ou deixo de fazer. O resultado foi que nada, nenhuma linha de “informação noticiosa” ou mesmo uma única palavra alterou qualquer coisa em minha vida, em meu meio ambiente, em meu trabalho, em nada. Mensalão? Copa? Morte do Bin Laden? BBB? Fulana que deu para sicrano e depois saiu na Playboy? Malucos da África ou furacão em NYC? Nada.
Mas de outro lado percebi o quanto perdia tempo com a leitura destas pseudo-notícias. Mesmo fazendo uma leitura dinâmica somente nas manchetes diárias, esta atividade me consumia uma hora de minha vida. Pouco? São 30 horas por mês ou 15 dias por ano de waste of time que poderia usar para, por exemplo, voltar em Machu Picchu com minha mulher para duas semanas de regojizo e bons momentos que realmente valem a pena.
Fazer esta conta me deixou aterrorizado mas não tanto quanto outra. Gosto muito de escrever mas ultimamente, mesmo tendo bons canais onde meus artigos são publicados (revistas, websites, etc), não escrevo uma única cretina linha (exemplo é a data deste post para o último). Por quê? Pelo simples fato de estar cansado e sem inspiração para me dedicar a esta atividade pois estou sendo consumido por outras que não me dão prazer ou que me fazem perder tempo. Então, estou deixando de fazer aquilo que realmente gosto para fazer aquilo que não gosto, que me enche o saco e pior ainda, que não me traz nenhum benefício ou ganho patrimonial. Uma vergonha.
Diante disso resolvi tirar o tempo perdido de minha vida levando esta decisão às últimas consequências que podem para muitos soar até exagero. Por exemplo, meu celular virou um telefone da década de 80. Não existe nele mais nenhuma notificação ativa (exceto as mensagens de um grupo de pessoas que são minha mulher e minha família), ou seja, se tuitarem meu nome, me adicionarem com amigo no Facebook ou chegar um e-mail, não vou ficar sabendo e tampouco quero saber. Simplesmente isso tudo vai esperar a sexta-feria cedo quando reservei uma hora na agenda somente para estas coisas. Também não abro meu e-mail mais que duas vezes por dia, uma por volta do meio-dia e outra próximo do final da tarde. Da mesma forma, não acesso mais nenhum website de notícias ou qualquer outro similar. Se precisar de informação factual, simplesmente pergunto para o vizinho que certamente saberá muito mais do que eu sei e poderá resumir para mim o que acontece (se esta técnica não der certo, uma ida ao barbeiro para cortar o cabelo resolve). Internet? Somente quando realmente preciso para alguma criação que estou fazendo. Fora isso, dispenso o Google, Twitter, Facebook e outros “comedores de tempo”.
Doido não é? Mas faça você o teste. Some o quanto de tempo que perde com coisas deste tipo num dia e multiplique. Verá que o tempo perdido com aquilo que nada agrega é muito grande e diante de uma zebra gigantesca que é estarmos vivos num planeta fuleiro no meio de um sistema planetário perdido no meio de uma galáxia vagabunda num universo gigantesco como é o nosso é, no mínimo, um enorme desperdício de vida. Se isso ainda não convence, procure o Facebook ou Twitter de algum grande CEO ou de algum cara que realmente está fazendo dinheiro na vida com o suor da cara. Será difícil achá-lo e, se por ventura achá-lo, verá que os posts são tão interessantes quanto assistir os canais abertos de televisão numa madrugada qualquer.
Pense a respeito e veja onde pode eliminar tempo perdido. Reveja e corte na carne realmente aquilo que não tem necessidade. Verá que terá tempo para você, para seus hobbies, para sua família e até mesmo para seu saco, que com certeza anda triste por sentir falta daquela coçadinha.