Algumas vezes uma rota aérea mais longa pode oferecer um preço de passagem aérea mais barata que uma mais curta. Entenda porque.
No mais conhecido fórum de mochileiros do país, esta semana postaram a seguinte dúvida:
Estou para comprar passagens para Espanha, para abril 2022, pesquisando preços chegando por Madri e voltando por Barcelona fica mais caro que ida e volta por Barcelona… não sei porque isso acontece, pois tanto na ida quanto na volta, para em Madri.
É um tema interessante e por isso vou aprofundá-lo para que entenda como uma passagem aérea mais barata não quer dizer que seja a mais curta.
A resposta mais simples e óbvia é: concorrência. Como o mercado de aviação é extremamente competitivo, este tipo de coisa acontece com frequência. Mas por quê?
Explicando de forma longa (senta que lá vem história…)
Companhia aérea ganha dinheiro com avião no ar e de preferência, cheio. Dessa forma, as companhias fazem qualquer coisa para ter o passageiro dentro de suas aeronaves, até mesmo as consideradas “absurdas” mas que, no fim, apresentam-se corretas no ponto de vista financeiro.
Rotas longas são as mais rentáveis para as companhias. Dentro de um mesmo avião, enfiam 300, 400 pessoas, o que paga o custo total e sobra uma grana enorme. Rotas locais podem ser rentáveis mas raramente o retorno por passageiro será tão alto quanto numa rota longa. Entre as 10 mais rentáveis, somente uma pode ser considerada “curta”: MEL-SYD e somente 4 não são intercontinentais.
Diante disso, as companhias fazem de tudo para colocá-lo dentro de seu avião, principalmente se na rota existe uma grande quantidade de empresas operando. Neste exemplo, do Brasil para Barcelona, é possível voar de Iberia, Latam, KLM, AirFrance, British, Turkish, Swiss, TAP, Lufthansa, Qatar, AirEuropa, Avianca e até mesmo com United. Resumindo, concorrência brava!
A explicação: Se você quiser comprar um voo de GRU para MAD, a companhia sabe de antemão duas coisas: a) você quer um voo non-stop e b) você pode/quer/vai pagar mais por isso. Então, o preço de um voo para Madrid saindo de SP será mais caro que um voo para Barcelona por causa desses dois fatores. E quem faz esse voo? Somente a Iberia e a Latam (que opera Iberia). Concorrência baixa = preço alto.
E tem lógica?
“Mas não tem lógica passar por Madrid para chegar em Barcelona e ser mais barato”.
Tem pelo exposto no começo: a rentabilidade da rota.
Se a Iberia “der” o voo de Madrid para Barcelona, ela está colocando o passageiro dentro de seu avião no trecho mais rentável, que é BR – Espanha. Então, vale a pena “dar” o ticket MAD-BCN mas ter o passageiro dentro do voo GIG/GRU-MAD. Além disso, MAD-BCN já é uma rota rentável para a Iberia e aquilo que ela “perdeu” ocupando um assento, ganhará na venda da passagem para alguém que precisar fazer o mesmo trecho de um dia para outro.
Exemplo de como a passagem aérea mais barata pode ser mais longa
Para exemplificar o exposto, peguei uma data aleatória e coloquei saída do Rio de Janeiro e, na mesma data, de São Paulo. O que aconteceu:
Um voo saindo do Rio para Barcelona (primeira imagem) é 128 Euros mais barato que um voo saindo de São Paulo, MESMO incluindo três “pernas” extras no primeiro (SDU-GRU e GRU-BSB-SDU). Isso porque a Swiss quer o passageiro dentro do voo transcontinental em seu avião.
É óbvio que isso não é uma regra escrita em pedra. Tem muita coisa que faz variar o preço e por isso pesquisa é condição sine qua non para conseguir um bom preço.
Algumas ferramentas podem lhe ajudar com essa pesquisa e mais que isso, algumas dicas como as que escrevi aqui permitem que você encontre não somente um preço melhor, mas também tenha outras vantagens muito interessantes.