Normalmente minhas manhãs de sábados e domingos servem para frear a correria da semana e elucubrar sobre a vida. Hoje não foi diferente. Lendo uma notícia sobre os azeites italianos, me pego pensando no porquê o Brasil está onde está.
Passados 30 anos de um escândalo que derrubou a fama dos vinhos italianos (uma vinícola adicionou metanol no dito e matou 23 pessoas), eles fizeram a lição de casa; criaram leis para organizar a baderna e punições astronômicas para falsificadores e pilantras. Resultado: com metade do território, a Itália hoje é o maior produtor e exportador de vinhos do planeta, superando sua eterna rival, a França.
Agora é o azeite que está no mesmo processo. Depois das costumeiras fraudes com o produto da “bota”, o parlamento prepara leis que criminalizam a falsificação, a adulteração e o lobby em cima do produto, com penas absurdas para quem realizar qualquer sacanagem. Deve-se levar mais 30 anos para que o Olio Extra Vergine di Oliva torne-se o primeiro do mundo também mas… e daí? Com mais de dois mil anos de história nas costas, 30 anos é um pêlo, nada mais.
Com visão para o futuro, Cingapura fez algo similar a partir de 1965 quando se separou da Malásia. Implantou-se uma política de baixa burocracia, baixa intervenção governamental e leis fortes que, até certo ponto são absurdas para quem vê de fora (em Cingapura se você entrar fumando onde não é permitido, a multa chega a mil dólares). O resultado pode ser visto em seus números sempre robustos.
Quando estive em Cingapura pela primeira vez, o que mais me espantou (além das multas como pode ser visto na foto) foi a biblioteca nacional. Um enorme prédio com computadores espalhados para todos os lados e um acervo para deixar qualquer um de queixo caído. Além disso, pessoas de todas as idades ali estudando, crescendo e fazendo o país crescer.
Passei pelo parlamento e naquele momento tive a oportunidade de presenciar um deputado (ou coisa do tipo) terminando uma entrevista para um canal de TV. Finda a mesma, o “nobre” sai andando pela rua sem segurança, sem carro oficial, sem nada, como uma pessoa comum tal como eu.
Relembrando tudo isso e vendo o que a Itália fez e está fazendo, pergunto-me: por quê o Brasil não possui leis pesadas? Por quê brasileiros precisam pagar por uma “casta superior” que lá estão para trabalhar para os brasileiros. Por quê o Brasil não é uma potência, em todos os sentidos, com o extenso território que possui e os infindáveis recursos naturais?
Muitos porquês para uma manhã de sábado.