Categoria: Política

Utopia

E foram eleições presidenciais no Timor Leste. Nas urnas a esperança de mudanças, de um futuro melhor, mais digno, menos sofrido e, principalmente, mais igualitário. Utopia? Não, somente um sonho bom que pode ser realizado se todos quiserem e aqueles que foram escolhidos para representar o povo timorense tomem pulso e façam realmente o que precisa ser feito.

Estranho foi que, dia 9 passado, em um giro rápido por Dili, pude sentir novamente o que senti há 21 anos atrás quando em meu país foram retomadas as eleições diretas para presidente e que sonhávamos soltar os grilhões dos militares para ser uma nação democrática. Muito fizemos desde então; muitos erros (e quantos!) mas também muitos acertos os quais, de uma forma ou de outra está nos levando para uma situação menos pior do que aquela vivida durante mais de 450 anos. Via o povo caminhando nas ruas indo para os postos de votação com a esperança estampada no rosto e a carteira de voto na mão. Filas para exercer o direito fundamental de qualquer democracia e que fazem qualquer país, sejam pequenos ou grandes, um país para seus filhos realmente.

Tal como nós, não mudamos uma realidade de um dia para outro. Muitas vezes décadas são necessárias para aprendermos a força que um voto pode ter e quanto pode-se mudar com ele. Erramos e acertamos, claro. Errar e acertar é inerente ao ser humano de todas as formas. O que precisamos é sempre aprender com os erros e não repetí-los. Simples assim.

Para este povo, uma canção que muito ouvíamos em nosso período negro da história e que expressa não somente o que queríamos, mas o que até hoje buscamos.

Coração Civil
Milton Nascimento & Fernando Brant

Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade dos olhos de um pai
Quero a alegria, muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país

Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver

São José da Costa Rica, coração civil
Me inspire no meu sonho de amor, Brasil
Se o poeta é o que sonha, o que vai ser real
Vou sonhar coisas boas que o homem faz
E esperar pelos frutos no quintal

Sem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder?
Viva a preguiça, viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida
Eu vou viver bem melhor
Doido pra ver o meu sonho teimoso um dia
Se realizar

[audio:http://www.michelazzo.info/f/2007/05/coracao_civil.mp3|titles=Milton Nascimento – Coração Civil]

Melhor que cocaína

Em minha viagem à Colômbia há algum tempo, tive a oportunidade de ver alguns sinais do que a cocaína é capaz de fazer: prédios riquíssimos, espaços maravilhosos, clubes chiquérrimos e outras ostentações. Com grana jorrando vinda principalmente dos EUM, os narcotraficantes fizeram fortunas.

Mas existe um paralelo ao cartel do tráfico e que, acreditem, é MUITO melhor que o tráfico em si. Chama-se “igreja”. No Brasil, proliferam aquelas que eu chamo, polidamente, de “seitas” e que abocanham uma grana tão grande quanto os cartéis colombianos da droga. Não acredita? Pois leia o anúncio do jornal DCI logo abaixo e veja os números.

notícia do DCI

Mas o que me deixa realmente emputecido é que estes safados se enfiam na política para conseguir benesses como estações de rádio e TV, isenção fiscal, compra de imóveis e assim por diante. Não é de se admirar que IURD não tem muitas “franquias” fora do Brasil (excluíndo-se paisecos como o nosso). Lá a coisa é beeemmmm diferente.

Para aqueles que desejam uma grana fácil e sem crime, está ai uma boa opção. Daqui há pouco estou vendo Marcola virando pastor e o PCC virando igreja. Não, acho que não vou ver isso. Ele ainda não é ladrão. Pode ser traficante, mas ladrão barato não o é. E entre Marcola e Edir Macedo, ainda prefiro o primeiro. Pelo menos ele não vende o que não existe.

Become human

Become humanNesta época de Código da Vinci nos cinemas e marcha por Jesus na Av. Paulista, alguns assuntos tomam proporções interessantes. De onde viemos, quem somos e para onde vamos é certamente a máxima mais procurada por ambas as vertentes que balizam o ser humano: a científica e a religiosa. De um lado, ampliamos a cada dia nossos conhecimentos sobre o que fomos e como poderemos ser. De outro, o inexplicável divino cresce a olhos vistos principalmente como um consolo para os problemas do dia-a-dia sendo tido como a salvação da alma.Quem está certo? Não importa (pelo menos a mim). O importante é o caminhar do conhecimento humano para a melhoria de nossas vidas em todos os sentidos. Conhecer o passado é certamente a forma mais coerente de como pode ser o futuro, sem visões, sem suposições, sem “achismos”.

Para isso, cientistas e pesquisadores nos quatro cantos do planeta dedicam suas vidas à responder estas perguntas e mais do que isso, procuram deixar um legado para que as gerações futuras compreendam melhor como chegamos até aqui. Palentólogos, geólogos e outros profissionais escavam nosso passado para que possamos compreender o futuro de uma forma mais clara.

Pensando nisso, dias atrás encontrei um website que, além da riqueza gráfica, possui um conteúdo soberbo sobre nossa história como seres humanos neste planeta. Baseado em pesquisas, estudos e principalmente muita perseverança, o Instituto das Origens Humanas (The Institute of Human Origins) apresenta um documentário que cobre deste a descoberta do mais antigo fóssil até os dias atuais. Suas técnicas, as formas de datação, as equipes e tudo mais que qualquer pessoa precisa ou deseja saber sobre nossos ancestrais. Simplesmente um conteúdo de valor inestimável.

Se você, como eu, tem interesse em compreender além daquilo que nos é dito e dado como fato diariamente, faça bom uso da Internet e conheça o site clicando aqui. Lá você será apresentado há três milhões e meio de anos de história do hoje conhecido homo sapiens. Vale cada minuto.

Desligue a TV

Desligue a TVAmigo meu me passou o endereço desta campanha/ONG que por mim foi prontamente aceita. Trata-se da TV-Turnoff, uma organização americana que encoraja as pessoas a não assistirem tanta TV e terem uma vida menos sedentária, mais saudável e obviamente, mais educada, culta.

Sabendo do lixo que é a TV brasileira (como em todo o mundo), um grupo de voluntários trouxe ao Brasil a mesma idéia e na próxima semana irá acontecer a Semana Internacional do Desligue a TV. Uma ação conjunta em vários países do mundo com o intuito de arrancar as pessoas da frente da TV para fazerem algo útil de suas vidas.

Participe! Vá ler um livro, passear num parque ou praia ou simplesmente durma. Dê uma folga para você mesmo e para seus neurônios. Deixe o porcão de domingo de lado, a vadia das segundas feiras e os imbecis de todos os dias de lado e curta o tempo longe da tela. Tenho certeza que não vai se arrepender.

Para saber mais sobre a organização e a semana, clique aqui.

O que é exclusão social?

“Não sei não, acho que é uma matéria que só é dada em escola particular…(Cambito)”

A procura de algumas informações referentes a design e criação, acabei caindo em um site que possui diversas animações gráficas. Uma delas é de Cambito, personagem fictício mas que ao mesmo tempo existe realmente em todas as grandes cidades de nosso país e que passa pelos mesmos problemas que milhares de pessoas em todo o mundo.

E hoje, por mera coincidência (ou pelo coração que sempre me leva para este lado) estive numa comunidade rural de João Pessoa para conhecer uma estação digital: programa do governo federal que leva à milhares de brasileiros o início de uma etapa; a mudança da condição de não ser ninguém para começar a se tornar cidadão novamente (ou pela primeira vez, não sei bem). E lá, duas senhoras aposentadas e ex-assistentes sociais levantaram com seus próprios braços espaço para sala de aula, oficinas de bordado, salas de música, capoeira e dança. Correndo atrás de ajuda de quem quer que fosse, conseguiram revitalizar o entorno daquela comunidade e trazê-la para dentro do projeto, dando à eles não somente um espaço de cultura e lazer, mas principalmente a base para que possam retomar a vida muitas vezes perdidas como “cambitos”.

Quando conto passagens assim, alguns pensam que foi por “obra de caridade” ou coisa semelheante que aquilo que lá está aconteceu. Não, não foi. Em uma frase muito interessante, uma das senhoras resume bem a história: “ao invés de nos tornamos parceiras da farmácia devido a aposentadoria, nos tornamos parceiros da comunidade e dos sonhos dela”. Ou seja, deixaram o sonho de ficarem banguelas sentadas diante de uma TV e de sua programação próxima a nada para colocar a mão na massa (literalmente) e devolver a sociedade um pouco daquilo que obtiveram dela: conhecimento.

Coisas como estas mostram o verdadeiro espírito empreendedor, não só destas duas pessoas mas de alguns poucos milhares de brasileiros idênticos. Saem de seus lares para se dedicar ao coletivo. Saem de sua condição “malomeno” para estender a mão à quem realmente precisa.

Fazer empreendedorismo com dinheiro é muito fácil. Fazer empreendedorismo com MBA de Havard e juros de bancos a fundo perdido até um imbecil faz (que a maioria o é mesmo). Agora fazer empreendedorismo no meio do nada, onde telefone chegou há uma semana (e isso porque estamos no século 21) e o asfalto mais próximo fica há 10 Km de distância, isso eu quero ver. Andar na Av. Paulista de pastinha debaixo do braço, vestidinho e salto alto ou terninho e gravata é mamata. Quero ver pegar no pesado no meio do nada.

Mas não adianta ficar aqui descendo o sarrafo nos yuppies. Cansei disso. Digo à todos que não tenho medo de nada, somente da burrice que se instala na cabeça de alguns e faz com que estes tenham a visão tão ampla quanto um asno com seus arreios.

O vídeo do Cambito pode ser baixado aqui. Por favor, assista até o fim e tente pensar no mesmo e também no comentário final. Quem sabe você, no conforto de seu lar com este seu notebook de última geração e acesso rápido à Internet, pára um pouco e pensa sobre o que queremos para nós mesmos. Seria isso?

Obs: fiz a asneira de não levar a máquina fotográfica. Mas como vou voltar lá para colocar a rede de computadores deles em pleno funcionamento e ministrar algumas aulas, tirarei as fotos para que compreenda o que é “empreendedorismo”.

O Chile torna-se a melhor opção

Neste domingo o Chile, um dos únicos países sul-americanos que não possui fronteira com o Brasil (o outro é o Equador) está de presidente novo, ou melhor, presidenta. Com a maioria das urnas apuradas, a candidata socialista Michelle Bachelet é eleita com aproximadamente 54% dos votos válidos, sendo a primeira mulher a assumir o cargo máximo do paí­s e com a função de dar continuidade à uma polí­tica voltada ao povo que dura 16 anos colhendo bons frutos e que levou este paí­s a condição do melhor existente na América do Sul para viver.

Com uma população estimada em 16 milhões de pessoas, o Chile saiu de uma das mais violentas e sangrentas ditaduras militares ocorridas no século passado em nosso continente (pior inclusive que a brasileira) comandanda pelo general Augusto Pinochet, para se tornar hoje um paí­s próspero, com uma renda per capita invejável de US$ 10.400 e um crescimento vertiginoso de 5,8% ao ano (2004).

Enfiado entre o Oceano Pací­fico e a Cordilheira dos Andes e com pouca terra útil, ele se torna uma opção mais que interessante para os chilenos e outros povos latinos devido a qualidade de vida (mortalidade próximo a zero e espectativa de vida de 78 anos), a economia forte e a educação de altí­ssima qualidade conseguidas por meio da especialização em áreas de serviços e telecomunicações. Esta máxima é tão verdadeira que a taxa de migração do paí­s é simplesmente zero para cada 1000 habitantes, sendo igual aos países escandinavos, por exemplo.

A eleição hoje de Michelle Bachelet vem solidificar a polí­tica que reduziu para algo em torno de 20% a quantidade de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza e principalmente o respeito pelo cidadão com parte do todo onde, por exemplo, tanto o serviço militar quanto o voto são compulsórios e o acesso a educação, desde sua base, quase que obrigatório. Este conjunto faz certamente a diferença em qualquer sociedade.

Felicidades ao povo chileno e aos meus amigos de lá pela ótima escolha (uma mulher, principalmente). Pena meu paí­s ainda não ter acordado para coisas assim e continuar mantendo as correntes da pobreza bem atadas na maioria da população, perpetuando uma polí­tica neo liberal que somente aprofunda a vala social existente entre ricos e pobres. Aqui, resta esperar ou… mudar para lá.

Hasta pronto!