Me perguntaram semana passada: “Paulino, onde está aquela mensagem de fim de ano que você sempre escreve? Esqueceu?”
Pois é, não esqueci não. Somente mudei um pouco as coisas. Agora não mais escrevo mensagem de fim de ano, mas sim de começo de ano. Por quê disso? Bem, vejamos…
Mensagem de fim de ano normalmente usamos para “lavar a roupa suja” do que passou, como foi complicado, como foi isso, como foi aquilo. Bah! que coisa mais chata ficar falando do passado. Vai mudar alguma coisa? Claro que não. Pelo menos ainda não foi provado que existem universos paralelos como Hollywood tanto filmou em sua história. Então, vamos falar do futuro desejando somente uma coisa: paz!
Estive lendo novamente a dedicatória que escrevi para o úlitmo livro de meu amigão do peito Julio Neves. Ao final dela, somente desejo uma coisa à ele: Paz. Ora, mas porque somente paz? Simples de tudo. Se a pessoa tiver paz, ela tem tudo o que quiser e precisar em sua vida. Não acredita? Então vamos aos fatos.
Lembra-se daquela musiquinha idiota de todo fim de ano que cantam “adeus ano velho, feliz ano novo…” Pois observe que interessante a letra onde se pede “dinheiro no bolso” e “saúde para dar e vender” . Ora, isso é muito fácil ter quando se tem paz. Sem ela, esquece, não terá nem dinheiro, nem saúde, nem coisa nenhuma. A paz traz a saúde para a pessoa fazer o que quiser. Se você possui paz de espírito, mesmo que doenças assolem sua estada na terra, conseguirá subjulgá-las e passar por cima. Exemplos vemos as centenas de pessoas que pasando por momentos difíceis e até mesmo impossíveis de serem imaginados, conseguem “sair ilesos” pois naquele momento tinham paz dentro de si, seja acreditando em um ser superior, seja acreditando que não “era sua hora”. Da mesma forma, se você tem saúde, terá condições de trrabalhar e ter dinheiro (a menos que seja um vagabundo de marca maior), viajar, comprar o alimento que precisa, pagar as dívidas do fim de ano (pensou que tinha esquecido delas né?) e tudo aquilo que deseja ter.
Mas não é somente desta forma que a paz trabalha. Se você tem paz em seu coração, em seu ser, certamente poderá ser uma pessoa melhor, não somente para aqueles que ao seu lado estão no trabalho ou em casa, mas principalmente para você mesmo. Conheço pessoas que são abonadas financeiramente, que possuem imóveis, carros, fazendas, cartões de crédito “no limits” e tudo aquilo que qualquer pessoa gostaria de ter. Mas elas infelizmente não conseguem ter ou comprar aquilo que é de mais valoroso na vida: a paz. Que pena!
Quando estava na estrada vindo de João Pessoa para Campinas, em uma curva da BR-381 passei por um buraco e meu pneu traseiro estourou. Senti o solavanco e comecei a encostar o carro para saber se tinha acontecido algo de mais grave. Desci do carro, olhei o pneu e a roda destruídos e olhei para pista. Neste momento pensei no que é ter “paz”. Uma curva enorme na descida, chovendo, asfalto molhado, um buraco de pelo menos 1 metro de diâmetro. Conclusão: cenário perfeito para um capotamento e a morte do outro lado da pista no meio do barranco.
Mas ao sentir o buraco e o estouro do pneu, simplesmente encostei o carro. Sem estar em paz comigo mesmo como estava (e estou), poderia ter feito qualquer besteira e descido barranco abaixo. Trocado o pneu, encontrei um posto dois quilômetros adiante com uma borracharia. Nela, o “negão” Antônio trabalhava feito um biruta para dar conta do serviço (parece que não tinha sido somente eu o afortunado). No meio da conversa, ele me pergunta uma com todo aquele sotaque de mineiro do interior: “oi moço, ocê é diferente. Tudo mundo que vem aqui com carrão fica reclamando e fica tudo desesperado prá ir embora. Ocê não, fica tranquilo ai. É mineiro sô?” Eu respondi: “não senhor, somente estou tranquilo, estou em paz”. Finalmente, ele retruca: “é, coisa difícil de achar aqui sabe. Aqui eu também tenho paz porque ajudo as outras pessoas e levo comida para meus fio lá em casa”.
Que lição posso tirar da conversa com um semi-analfabeto de um borracheiro no meio do nada sobre paz? Acho que principalmente aquela que não precisamos de “dinheiro no bolso” e tampouco “saúde para dar e vender”. Precisamos mesmo é de paz.
Muitos pensam que paz é aquilo que desejamos para o Oriente Médio perdido em suas guerras religiosas e boçais. Pensam que é aquilo que queremos para o Rio de Janeiro e suas milícias ou ainda para São Paulo com seu trânsito caótico e seu PCC. Não, não é somente isso. Paz é o que temos dentro de si. É a serenidade para escolher o melhor (e não a racionalidade), é a tranquilidade para “colocar o carro nos trilhos” quando ele teima em se desgovernar, seja por um buraco ou por algo maior.
Enfim, que se dane 2006! Ele não vai voltar e será lembrando somente nos livros de história. Parta para um ano novo desejando paz para você mesmo e para todos, tendo a certeza que, tendo-a, terá trabalho, dinheiro, saúde, tranquilidade e porque não, sorte?
Feliz 2007!
Paz.