Parece-me que as pessoas passam por uma crise de identidade tão grande quanto a incerteza do que nos reservam os próximos dez mil anos. Não falo da incerteza de não saber o que vai ser ou deixar de ser no futuro. Eu mesmo não sei o que vou ser e tampouco me preocupo com isso. Acho uma perda de tempo imensa tentar prever o futuro e, como não tenho bola de cristal, piora. Fazer planos numa vida que pode acabar em um mísero segundo é no mínimo tolice.
Mas no afã de ser algo para a sociedade que cobra a cada dia mais resultados, mais esforços e mais suor e lágrimas, pessoas esquecem a essência do que são; absolutamente nada. Isso mesmo, nada vezes nada. Simplesmente um aglomerado de átomos que deram a baita sorte de estarem organizados de tal forma a montarem um corpo e este andar sobre outros átomos também organizados em forma de terra e água. Crer que somos alguma coisa mais que isso só pela capacidade de raciocínio, é perpetuar o erro que nossos pais e avós legaram quando insistentemente cobravam que “precisávamos ser alguém na vida”, completando com um título ou nome de profissão o final da frase. Leia Mais
Mudança é sem dúvida uma das palavras que mais gosto da língua portuguesa. Gosto de mudanças e espero sinceramente poder tê-las em minha vida até o último suspiro. Por mais simples que sejam, as mudanças sempre tiram algo velho de lugar, que cede espaço para algo novo; uma idéia, uma camisa, uma casa ou até mesmo uma profissão. Para alguns, mudar traz medo e desespero pois tira-o da zona de conforto pré-estabelecida e sempre é abominada como vampiros, monstros ou quaisquer personagens de filmes de terror. Já para outros como eu, elas são mais que desejos; são necessidades.
Há algum tempo estava procurando uma nova cara para o blog (outra, meu Deus!) já que a última mudança aconteceu em 2009 e levou o visual mais próximo do simples. Mas do começo do ano para cá comecei a ficar insatisfeito com sua maquiagem e resolvi trocar. Tal como as mulheres que de tempos em tempos mudam o corte de cabelo ou a cor do esmalte por simplesmente enjoar, precisava fazer a mudança. Mas, para que lado seguir? Leia Mais
Dias atrás recebi uma mensagem de um leitor do blog perguntando se eu estava atrasado com as postagens aqui. A resposta é um grande não. Tudo bem que estive nas cavernas do Petar e na República Dominicana neste lapso de tempo e tenho um monte de coisas para contar. Mas a verdade é que estou escrevendo mais coisas técnicas e deixando as pessoais um pouco ao relento.
Mas prometo, volto logo para a alegria de muitos e tristeza de alguns :)
Dizem que o pior cego é aquele que não quer ler. Tenho que concordar com a frase pois não consigo imaginar algo pior. Mas a cegueira não é somente aquela da visão. A da educação também pode ser colocada neste rol e normalmente é muito pior que a ocular.
Ter problemas com a língua portuguesa não é feio. Muita gente tem (inclusive eu). Palavras como lida, sanca ou até mesmo pergolado, aquelas que pouco usamos no cotidiano sempre pregam peças até mesmo nos mais eruditos. Mas existem algumas coisas que são inaceitáveis.
Dias atrás Josué (nome fictício) me pergunta no Facebook se eu estava “oculpado” para fazer um projeto. Confesso que não respondi pois meu nível de tolerância anda tão baixo com este tipo de coisa que preferi ignorar a dar uma resposta daquelas. E pensando na resposta, perguntei em meu twitter, o que deveria fazer sobre isso. Algumas dicas são muito interessantes:
“fala pra ela que vc ADIMRA muito seu esforsso!” (by @alemenon)
“Seja magnânimo e “declupe”” (by @anahuacpg)
“Mata a pedrada” (by @hadesjunior) <- gostei desta ;)
“pede desculpa, e procura outra…sem culpa…” (by @adriano_campos) <- hilária
“Que não pode “experar”” (by @dwalisson) <- boa também
“Se ela está com alguma culpa, basta desoculpá-la” (by @Kl0nEz)
A coisa anda tão feia que estou pensando seriamente em escrever um “dicionário do português chulo”, algo como um tutorial de como você deve interpretar determinadas palavras cuja ortografia dói nos olhos e fazem o cérebro entrar em parafuso. Por quê disso? Bem, quando alguém escreve “bouça”, o que você deve pensar?
Há alguns dias postei aqui no blog um texto sobre meu sono e um exame que fiz para resolver os problemas relacionados com o mesmo. Pois bem, chegaram os exames e não foram nada interessantes. Primeiro, tenho uma apnéia ridícula de crônica. Aquilo que é considerado grave é cerca de 30 ocorrências por hora e a minha está em…. 86 por hora, ou seja, um verdadeiro motor engasgado. Isso é resultado de uma garganta muito estreita que me rende uma cirurgia daqui há 8 meses para a extração das amídalas e também outra no nariz para corrigir a curva, digo, o desvio que existe dentro dele. Mas e até lá? Que vou fazer? Ficar sofrendo? Nananinanão. Neste momento entra a tecnologia no processo.
Algum tempo depois repeti o mesmo exame mas desta vez usando um aparelho/técnica denominado CPAP – Continuous Positive Airway Pressure que nada mais é que um compressor de ar ligado em uma máscara que manda um fluxo contínuo o pressurizado de ar para dentro do corpo do sofredor (neste caso, eu). O resultado foi mais que ótimo: somente 3 apnéias durante seis horas de sono contínuo e profundo, daqueles que há muito não tinha.
É certo que o uso do aparelho é inconveniente em todos os aspectos. Primeiro porque terei que carregá-lo em todas as viagens, tornando-se mais uma tralha na mala. Segundo porque pode se tornar inoômodo devido a máscara e o tubo/traquéia que fica ligado no mesmo e terceiro porque o Jason fica mais simpático com a máscara dele do que eu com a minha. Mas mesmo colocando estes poréns na balança, ainda estou esperançoso que terei ótimas noites de sono e então o preço a pagar, tanto pelo aparelho (que é caro) quanto pelos poréns, vale a pena.
Hoje começo o uso do dito cujo e amanhã conto como foi dormir com a “tromba de elefante”. Aguarde cenas dos próximos capítulos :)
Ontem mesmo falei sobre a mídia no Brasil. Hoje, outra surpresa:
Tudo bem, eu estava lá sim. Mas antes de meu trabalho tem muito mais gente (e boa) que já estava fazendo o open source (que na verdade é o software livre) aqui no Brasil e que tem hoje, 15, 20 anos de janela na coisa. A minha é só um “vão” de onze anos trabalhando com este modelo.
By the way, será interessante contar para os campuseiros algumas passagens da vida. Muitos deles querem ou tem pequenas empresas e ficam com receio (racional) de abrí-las para terceiros. Vai ser um ótimo painel e com pessoas que muito estimo.
Se estiver em SP e quiser ver um bom debate, dê uma passadinha lá na Campus Party. Uma festa incrível.
PS: o palco do painel é o mesmo de Al Gore e Tim Berners-Lee. Uau!
Dormi esta noite fora de casa numa clínica para fazer um exame de polissonografia. Para quem não sabe, este exame é aquele que ligam em seu corpo uma emaranhado de fios para monitorá-lo durante o sono e detectar doenças relacionadas a ele.
O meu caso é grave. Estou com uma apnéia extremamente forte que não me deixa dormir mais que 4 horas por dia e assim mesmo, com uma qualidade de sono ruim demais. Como isso passo o dia com sono e não raras são as vezes que me pego dormindo sentado por exemplo, até mesmo dirigindo (imagine!!!). Então, procurei um médico para começar a resolver o assunto e um dos exames é este.
O interessante é que para este exame, conectam um total de 36 fios no corpo que monitoram tudo, desde seu batimento cardíaco até as alterações na respiração. Só para entender o quanto de fio é isso, dê uma olhada:
Agora pergunto: como é que um ser humano consegue dormir direito com tudo isso ligado no corpo? Pois eu também não faço idéia. Tanto que estou com sono :)
Desde o último pleito nacional ando pensando sobre o assunto e decidi: não voto mais. Desculpem-me os que ainda acreditam e os que nutrem a esperança de ver algo diferente. Eu não mais acredito que será a classe política que irá mudar nosso país, mas sim nosso povo e que não será pelo voto. Por quê da decisão? Explico.
Venho de família de comunistas de carteirinha. Comuna mesmo. Tenho até uma foto de meu pai com Luis Carlos Prestes pendurada no quadro da sala. Desde pequeno sempre acreditei naquela ladainha do “povo unido, jamais será vencido”, torci e trabalhei com todas as forças para ver lá no topo a esquerda. Mas… quanta frustração. Chegou este dia e nada mudou. Aqueles que surravam a escória da sociedade representada por Sarney, Calheiros, Collor de Mello, Maluf e os demais (que já deve conhecer), agora andavam de mão dadas, afagos e tapinhas nas costas, só faltando fazer boquete. Então, o que restou? Uma frustração enorme, uma tristeza sem fim em ver toda a energia e esperança depositada em alguns para… nada.
Parece que o Brasil é especialista em criar frustrações. Veja a Fórmula 1. Depois da morte de Ayrton Senna, que graça teve? Assistir uma corrida onde sempre era o mesmo que vencia (o alemão voador) e ver um funcionário da F1 desfilando sua pulseria Power Balance para todos dizendo sempre que “no ano que vem será melhor”. O mesmo com nossa tão famosa seleção de futebol. Temida por muitos, virou um saco de pancada com os mesmos Cafu’s, Roberto Carlos e Dunga’s da vida. E quando se renova é mais do mesmo.
Obviamente que esta decisão acarreta alguns problemas e especialmente para mim, um grande. Sem a votação obrigatória ainda existente neste país (criada para poder sustentar esta mesma corja que está no planalto central há décadas), não posso tirar meu passaporte, documento imprescindível para uma pessoa como eu que faço das companhias aéreas, sofá de casa. Mas eis que confirmei minhas suspeitas: mesmo não votando e não justificando nas duas últimas eleições (isso mesmo, eu NÃO votei no Tiririca), resolvi o problema com míseros três reais e cinquenta e um centavos; valor da multa eleitoral paga por minha intransigência cívica. Colocando na ponta do lápis, não vale a pena sair de casa para votar pois a perda de tempo e o custo, além de manter a mesma coisa de sempre, é mais caro que a multa a ser paga para regularizar a situação.
O valor da multa eleitoral
Alguns vão dizer que assim não exerço minha cidadania. Sim, exerço pois a decisão de ir ou não escolher quem vai me representar deveria ser minha e não uma obrigatoriedade que já acaba logo na entrada com esta tal cidadania. Depois, a reciclagem que acontece é devido a morte que tenta dar uma maozinha (mas também não faz milagre). Morre um ACM e vem o neto ocupar seu lugar. Sarney “foge” para o Amapá mas deixa seu clã a postos no Maranhão. E o que dizer de Collor; depois de uma “saída estratégica para a direita”, retorna as bancadas do senado para legislar sobre todos.
“Mas tem quem preste”. Sim, tem. Até o momento que chega lá. Depois, o sistema e a corrupção é tão forte e tão onipresente que aquele “que presta” se suja de lama até o último fio de cabelo ou simplesmente nada faz porque a máquina emperra. Cansei de ver durante mais de 20 anos gente boa se elegendo, se corrompendo ou se perdendo nas engrenagens da política brasileira. Na verdade, não na política, mas sim na politicagem.
MIlton Nascimento exprime em sua magnífica música Travessia todo este sentimento: “já não sonho, hoje faço, com meu braço o meu viver”. Acredito sim que vamos mudar em algum momento deste século quando deixaremos de ser os boçais que engolem as manobras de Maluf para se sustentar em cargos, os roubos sistemáticos aos cofres públicos, as maracutaias de dinheiro nas meias, cuecas, orifícios rugosos e onde mais puderem enfiá-lo. E que me desculpe Teotônio Vilela e tudo aquilo que fez pelo país, mas menestrel que fala a língua do povo não mais existem nesta terra. Resta simplesmente esperar que as leis da seleção natural façam sua parte. Enquanto isso, vou deixando de votar para não ter que escolher entre Tiririca, Romário ou Vagner Montes para me representar pois, nem mesmo no mais alto grau de insanidade, tipos como estes poderiam ser minha voz, onde quer que seja.
Que gosto de escrever é fato. Acho que vem de berço mesmo acreditando que este tipo de coisa não é hereditária. Entretanto, vez ou outra me ponho em dúvida sobre esta certeza do DNA, como quando acontecem coisas assim:
Fazendo uma varredura na web atrás de algumas informações sobre minha família, encontrei num website um documento de 1966 escaneado e que, pelo visto, é uma ata de reunião da prefeitura da cidade de Austin, no Texas que contava com a presença (e presidência da reunião) do prefeito e diversas autoridades municipais; algo como aqueles conselhos que volta e meia vemos em filmes da década de 60 onde determinado assunto era discutido pela sociedade.
Num primeiro momento não entendi muito o que tinha a ver aquilo com nossa família até fazer uma busca dentro do mesmo e encontrar o nome de meu pai no documento. Era um pedido de informações sobre a cidade para uma enciclopédia para jovens que estava editando no Brasil.
No documento consta a leitura da carta pelo prefeito e o questionamento do mesmo à bibliotecária da cidade para fornecer as informações que fossem possíveis, bem como o mesmo pedido para a câmara do comércio da cidade.
Não sei se ele chegou a receber estes documentos da prefeitura da cidade e tampouco se a dita enciclopédia foi editada, mas é interessante ver até onde os braços da Internet podem ir nos dias de hoje: documentos históricos que nunca poderia imaginar existirem ao alcance de dois cliques e uma busca. Diante disso fico pensando quando tivermos muito mais do que temos hoje em formato digital disponível na web, o que poderemos encontrar?