Categoria: Timor Leste

Reclama vai

A sequência de fotos a seguir serve para dar uma idéia do que é o sistema de transporte “público” no Timor-Leste e foram tiradas no último final de semana.

Microlet

Este micro-ônibus é chamado de Microlekt e faz a “linha” entre Dili e Baucau, a segunda maior cidade do país distante cerca de 150km. As pessoas, como é possível ver, viajam dentro do ônibus, em cima, dependuradas e onde mais conseguirem. Vale até no colo do motorista, conforme a dondoca :) e pagam por isso entre US$ 1 e US$ 3, o que também varia de acordo com a boa vontade do cobrador.

Microlet

Está impressionado? Pois então agora vem o melhor: esta viagem dura cerca de cinco, isso mesmo CINCO horas entre as duas cidades, sendo realizada pela “auto-estrada” Dili-Baucau que está assim:

Microlet

No meio da estrada, claro, é necessário fazer ultrapassagens como em uma estrada qualquer. Aí, o que acontece? Uma “pende” para um lado e a outra “pende” para outro.

Microlet

Já deve estar pensando na quantidade de acidentes não é? Pois não é difícil ouvirmos relatos de microlekts que despencaram barranco abaixo (normalmente são mais altos que um prédio de 10 andares) com todo mundo dentro, fora, em cima e onde mais estiver. Tanto é fato que um dos nossos técnicos do Ministério retornou hoje ao trabalho depois de rolar 100 metros “microlekt abaixo” em uma curva onde um pneu estourou. Sorte dele que foram somente 35 pontos na cabeça e um braço quebrado.Como não existe transporte público verdadeiro e tampouco fiscalização, vamos que vamos e deixamos na mão de Deus o próximo quilômetro.

E você ainda reclama das van’s brasileiras?

Seleção sem Galvão, quanta emoção

Não vou entrar na retórica do quanto é bom ganhar da Argentina, seja no futebol, no vôlei, na bolinha de gude e até mesmo no fliperama. Sempre, sempre é bom, até mesmo de meio gol, tá valendo.

Nesta segunda-feira, domingo no Brasil, tive o prazer de assistir a seleção brasileira mostrar um futebol até interessante e devolver “los hermanos” com um segundo lugar lá para as terras do Prata. Esta façanha aconteceu graças a um canal indonésio chamado RCTI que transmitiu ao vivo este e a maior parte dos jogos da Copa América, principalmente os brasileiros. Claro que os flashes de intervalo com as peitudas vestindo sumárias blusinhas foram incansavelmente repetidos para o delírio dos marmanjos e tristeza das mocinhas, afinal, fartura aqui só de vulcão.

Mas o melhor não está no fato da seleção ganhar, haja visto que nos últimos três confrontos internacionais, ganhamos todos. Também não está tanto no fato que quase enfartei logo as seis da manhã quando, ainda dormindo, meu roommate berra na sala com aquela pintura de Júlio Baptista no ângulo adversário. O melhor mesmo foi assistir noventa minutos de futebol sem o imbecil do Galvão Mala Bueno. Gente, vocês não fazem idéia de quanto é bom isso!

O jogo foi transmitido com narração em inglês por um cara que duvido não falar alguma língua latina pois sua pronúncia dos nomes dos jogadores, coisa que sempre pega para qualquer profissional da área, era quase perfeita. Além disso, comerciais com aquele narrador global que não morre nunca e as chamadas do gordo mais imbecil do planeta ficaram há mais de 23 mil quilômetros daqui quando, no chegar da manhã em Dili, pude pela primeira vez assistir futebol e não um poço de asneiras que nem mesmo o célebre Sílvio Luiz era capaz de fazer (e olha que ele era dose).

E pelo visto não fui somente eu que assisti. Obviamente que fui obrigado a tirar minha camisa canarinho do armário e desfilar com ela nos corredores da UN e Ministério nesta segunda-feira onde surpreendentemente, ouvi dezenas de pessoas (isso mesmo, dezenas) me dando os parabéns e até mesmo pronunciando “Brasil” de uma forma meio inteligível e com sotaque de algum país do sudeste asiático. Eita orgulho viu! Acho que vou comprar o jogo completo de camisas :-)

Finalmente, não esqueça, tem coisas que nem a Mastercard faz por você, só a RCTI em sumir com o Galvão.

FAQ Timor – nova versão

Dentro de algumas semanas chega mais uma leva de professores brasileiros ao Timor Leste mediante o convênio da CAPES com o governo timorense. Uma alegria muito grande pois ter aqui mais alguns brasileiros falando o português da terra é certamente muito bom.

Para auxiliá-los na tarefa (árdua diga-se de passagem) de atravessar vinte mil quilômetros que separam os dois países, atualizei a FAQ Timor com as dicas de viagem, inclusive porque foi detectado um erro na mesma.

Assim sendo, clique aqui e faça o download do documento. Caso precise de alguma informação adicional, entre em contato pelo e-mail paulino@michelazzo.com.br. Terei o maior prazer em ajudá-los.

E sejam bem-vindos ao Timor Leste!

Wallpapers Timor Leste

Timor LesteAtendendo a pedidos, resolvi disponibilizar algumas de minhas fotos do Timor Leste em formato de papéis de parede (wallpapers) que podem ser usados em computadores Linux, Mac ou Windows e resolução de até 1280 pixels.

Esta série trás dez imagens com os temas do céu e do mar ao redor da capital timorense, Dili.

As imagens estão licenciadas sob Creative Commons SharedAlike, que permite a distribuição, redistribuição, cópia e trabalhos derivados com as mesmas, sem aferição de lucro. Para maiores informações sobre a licença, clique aqui.

O pacote contendo as dez imagens pode ser obtido clicando-se aqui. Para usá-las, descompacte o arquivo em um diretório/pasta de seu computador e configure seu desktop para a utilização das imagens deste local como papel de parede.

Enjoy!

Utopia

E foram eleições presidenciais no Timor Leste. Nas urnas a esperança de mudanças, de um futuro melhor, mais digno, menos sofrido e, principalmente, mais igualitário. Utopia? Não, somente um sonho bom que pode ser realizado se todos quiserem e aqueles que foram escolhidos para representar o povo timorense tomem pulso e façam realmente o que precisa ser feito.

Estranho foi que, dia 9 passado, em um giro rápido por Dili, pude sentir novamente o que senti há 21 anos atrás quando em meu país foram retomadas as eleições diretas para presidente e que sonhávamos soltar os grilhões dos militares para ser uma nação democrática. Muito fizemos desde então; muitos erros (e quantos!) mas também muitos acertos os quais, de uma forma ou de outra está nos levando para uma situação menos pior do que aquela vivida durante mais de 450 anos. Via o povo caminhando nas ruas indo para os postos de votação com a esperança estampada no rosto e a carteira de voto na mão. Filas para exercer o direito fundamental de qualquer democracia e que fazem qualquer país, sejam pequenos ou grandes, um país para seus filhos realmente.

Tal como nós, não mudamos uma realidade de um dia para outro. Muitas vezes décadas são necessárias para aprendermos a força que um voto pode ter e quanto pode-se mudar com ele. Erramos e acertamos, claro. Errar e acertar é inerente ao ser humano de todas as formas. O que precisamos é sempre aprender com os erros e não repetí-los. Simples assim.

Para este povo, uma canção que muito ouvíamos em nosso período negro da história e que expressa não somente o que queríamos, mas o que até hoje buscamos.

Coração Civil
Milton Nascimento & Fernando Brant

Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade dos olhos de um pai
Quero a alegria, muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país

Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver

São José da Costa Rica, coração civil
Me inspire no meu sonho de amor, Brasil
Se o poeta é o que sonha, o que vai ser real
Vou sonhar coisas boas que o homem faz
E esperar pelos frutos no quintal

Sem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder?
Viva a preguiça, viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida
Eu vou viver bem melhor
Doido pra ver o meu sonho teimoso um dia
Se realizar

[audio:http://www.michelazzo.info/f/2007/05/coracao_civil.mp3|titles=Milton Nascimento – Coração Civil]

MekongTux

O Tux mais rápido de todo o Timor Leste não está nos servidores do Ministério da Justiça ou na ONU, mas sim na Mekong 110 estilizada com o pinguim mais livre do mundo! Se vê-la em sua frente, corra! Ele pode te atropelar. :-)

Encontro de culturas

Encontro de CulturasOntem comprei o livro “Encontro de Culturas em Timor-Leste” (assim mesmo, com um hífen no nome) que é o resultado da dissertação acadêmica do autor, Francisco Xavier de Menezes de 1968, ou sejam, 39 anos atrás e trata, claro, do Timor Leste daquela época e também de hoje.

Ainda não posso fazer comentários sobre o mesmo mas, infelizmente, a qualidade gráfica ficou a desejar pois a maior parte das folhas estão grudadas como se tivessem esquecido de refilar o livro. Espero que o conteúdo não esteja assim também.

Quando terminar, conto as impressões.

Tripé na fotografia, indispensável

A maior de minhas tristezas quando tiro fotos de paisagens com pouca luz ou ainda à noite, é ver o resultado final. Normalmente ficam tremidas e tão ruins que não vale a pena tentar salvar uma que seja. Isso aconteceu pela última vez em Auckland onde, em uma saída noturna para conhecer a cidade e tirar fotos (além de jantar, é claro), em um conjunto de 80 batidas, somente duas ou três salvaram e assim mesmo, “malemal”.

Isto não pelo fato de eu ser acometido por mal de Parkinson ou ter “mão mole” e não conseguir sustentar a câmera, mas sim devido a necessidade de um tempo de exposição maior quando se tiram fotos com pouca luminosidade, ou seja, aquelas entre o final da tarde e o início da manhã. Claro que não somente nestes períodos ele pode ser usado. Diria que nestes períodos ele é fundamental e que pode ser dispensado em outros momentos onde a luminosidade é constante ou que você precisa tirar fotos em movimento. Além disso, se a câmera possui uma lente um pouco mais pesada, definitivamente ele é uma verdadeira mão na roda.

Irado com esta situação vexatória de tremedeira constante, resolvi de uma vez por todas acabar com isso adquirindo um tripé simples, mas que pudesse manter a máquina parada por longos períodos de tempo. Infelizmente somente pude comprá-lo em Melbourne pois resolvi deixar todas as compras para o último dia a fim de não ficar carregando peso desnecessário na viagem.

Pois bem. Hoje foi o dia do teste do tal tripé. Depois de ser acordado de uma soneca pelo meu vizinho George que teima em me azucrinar nas melhores partes dos sonhos, passei a mão na câmera, em uma das lentes pequenas e no tripé para tirar umas fotos do pôr-do-sol. Como tenho o prazer de morar há 5 minutos de caminhada do mar, resolvi aportar na baía e ver no que dava. O resultado foi a perda de somente duas fotos por erro no foco (não tinha ligado o automático) e imagens maravilhosas como a vista abaixo que não foi tratada em absolutamente nada, mostrando fielmente o que foi o fim de tarde deste 1 de Maio em Dili, Timor Leste.

Dili 1º de Maio

Ao contrário do que muitos podem pensar, o tripé não é um Manfrotto ou daqueles que poderiam ser categorizados como “primeira linha” no mundo fotográfico. Ele é um simples tripé de alumínio, levíssimo, com poucas regulagens mas que cumpre seu papel de manter a câmera parada. A opção deste modelo se deu principalmente por dois fatores: primeiro o custo baixo (US$ 25,00), e segundo o peso não maior que um quilo, permitindo que leve-o para as viagens ao redor do mundo.

Alguns vão comentar que deveria ter comprado uma peça melhor dizendo que a qualidade do mesmo é baixa. Mas ao usá-lo hoje percebo que neste momento não existem diferenças entre um tripé “peba” e um de primeira linha. “Ahhh mas o fulano tem regulagens mil, fica na horizontal e etc etc etc”. Bem, se precisasse de regulagens comprava um kit de injeção eletrônica e não um tripé e se precisar colocar na horizontal é porque certamente estou num momento que não irei fotografar por estar dormindo. Futuramente pode ser que a qualidade de um primeira linha apresente-se melhor pelo uso constante, mas por estabilidade, seis por meia dúzia, acredite.

Então, daqui para frente, tremedeira só em terremoto e quarto de hotel!

Manifestação PNTL

Anteontem aconteceram as comemorações do sétimo aniversário de criação da PNTLPolícia Nacional de Timor Leste com alguns eventos pela cidade devido a passagem da data. Defronte do ministério em que trabalho foi feita também uma manifestação tanto pela data quanto para lembrar as mortes de vários policiais ocorridas ano passado no meio da crise timorense.

O evento me chamou atenção pois foi a primeira vez que observei uma manifestação tão próxima e também pela tristeza embutida no ato onde filhos de policiais mortos e suas esposas choravam diante das marcas de sangue ainda existentes no asfalto.

Não questiono políticas ou atos advindos destas. Há muito aprendi também que o “certo” e o “errado” são duas faces de uma moeda que pode ter formato muito diferente de acordo como se observa. O triste são as imagens (que podem ser vistas clicando-se aqui) ou ainda o exemplo abaixo, digno de lamentação.

MoJ

Happy birthday

Mais um aniversário da trupe do Timor Brazuca. Desta vez, Dr. Reali fica velho.

Parabéns!!!